O voto que pode melhorar a sua saúde
Publicado em 06 de novembro de 2020
Por Jornal Do Dia
* Roberto Souza
É inegável o importante papel do SUS, criado pela Constituição de 1988, no atendimento à 70 por cento da população brasileira. Sem a sua estrutura capilarizada em todos os municípios o número de infectados e mortos pela Covid-19 seria muito maior, segundo reconhece a Organização Mundial da Saúde.
As distorções, no entanto, são enormes. Do total de recursos investidos na saúde, o montante destinado ao SUS não passa de 42%. Os outros 58% são investimentos privados para atender 22,5% da população que tem planos de saúde.
A verba do SUS é de 3,14 reais por dia por habitante, atesta o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, Conasems. Comparando com o PIB os investimentos públicos não passam de 4%, bem abaixo dos 6,5% investidos por países da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Com poucos recursos, o sistema público reembolsa uma consulta médica em apenas 10 reais, o que causa constante déficit em hospitais e clínicas.
O BIRD, Banco Interamericano de Desenvolvimento constatou que além de mais recursos o sistema público precisa de um choque de gestão para diminuir o desperdício. O Banco calculou em 22 bilhões de reais ao ano, as perdas com ineficiência de gestão.
O Brasil registra com frequência vários escândalos envolvendo hospitais que atendem pelo SUS com superfaturamento, desvios de recursos, compras sem licitações e nepotismo, só para citar alguns. Até a tradicional Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é alvo de apuração de denúncias na Justiça.
Como a gestão do SUS está nos municípios é muito importante ficarmos atentos às eleições de novembro deste ano. Enquanto não se consegue mais recursos, é possível melhorar a gestão dos recursos disponíveis. E é nessa área que os futuros vereadores, prefeitos e vices podem ajudar.
Levantamento feito pelo jornal Valor Econômico junto à base de dados do Tribunal Superior Eleitoral, TSE, indica que houve um aumento do número de profissionais da área da saúde que se candidatarão às próximas eleições, no Brasil, aproveitando a onda da pandemia que dá visibilidade a esses trabalhadores.
O número de técnicos de enfermagem aumentou 43% em relação à 2016. Já o número de médicos cresceu 4,1%. No total são 16.789 candidatos da área da saúde. Só foram computados os profissionais que atuam na linha de frente da Covid-19. Esse número supera os candidatos ligados à área da segurança: 11.817.
Ainda dá tempo de conferir se os programas desses candidatos contemplam o aperfeiçoamento da gestão da saúde.
Nós que somos especializados em comunicação em saúde, sabemos que a comunicação tem um papel fundamental na conscientização do eleitor. A eleição se decide pelas redes sociais. E é lá que a batalha pelos votos está acontecendo! Cabe a cada um ficar atento aos conteúdos postados pelos candidatos. É preciso checar e conferir o que é fato e o que é fake news, antes de compartilhar e de votar.
Dá trabalho, mas é melhor fazer isso agora do que lamentar depois pela falta de compromisso dos eleitos com a área da saúde!!!
*Roberto Souza é jornalista especializado em saúde.