São Cristóvão: dilemas de uma oposição sem perspectiva
Publicado em 14 de novembro de 2020
Por Jornal Do Dia
* Bruno Balbino
As eleições de 2020 apresentam uma situação inusitada na primeira capital de Sergipe: dois candidatos disputam, de forma acirrada, o posto de segundo colocado na votação do próximo domingo, 15. Tanto Gedalva Umbaubá (PSC) quanto Adilson Júnior (PSD) já têm plena consciência, a partir das projeções verificadas em pesquisas internas feitas ao longo dos últimos dois meses, de que não reúnem condições objetivas para superar a votação do candidato à reeleição pelo MDB, Marcos Santana.
Sem demérito para os demais concorrentes, desde o início do processo eleitoral deste ano, qualquer cidadão sancristovense médio percebia que apenas esses três seriam efetivamente competitivos, por motivos diferentes, naturalmente. Marcos, pelo bom trabalho realizado durante a atual gestão, apesar de alguns equívocos cometidos; Gedalva, pelo trabalho de campanha realizado sistematicamente desde o fim das eleições de 2016; e Adilson, pela popularidade do seu candidato a vice, Betão do Povo.
Oficializadas as candidaturas, em meados de setembro, e com todos os blocos na rua, por assim dizer, o que se viu foi uma verdadeira chuva de críticas e acusações por parte de todos os opositores contra o atual prefeito. Ao contrário do que alguns deles almejavam, especialmente Gedalva e Adilson, de lá pra cá Marcos optou por não entrar na pilha das provocações e aproveitar o período de campanha para prestar contas do que realizou e apresentar projetos para um eventual segundo mandato.
O resultado disso tudo foi um crescimento gradual da adesão popular à sua candidatura, e um significativo declínio da respectiva rejeição, que no início era relativamente alta se comparada aos demais concorrentes, algo natural pra quem concorre à reeleição exercendo cargo executivo em tempos de pandemia.
Nesta reta final, os dilemas que se apresentaram para Gedalva e Adilson estão relacionados à difícil decisão de qual seria a melhor estratégia a ser adotada para garantir a segunda colocação: direcionar as críticas ao outro ou ao prefeito? Isto porque, obviamente, o que está em jogo agora é, politicamente falando, o "tamanho com que cada um sairá das urnas" na noite do próximo domingo. Ou seja, o capital político que cada um acumulará para barganhar suas alianças com os candidatos que apoiarão em 2022 para deputado estadual, deputado federal, senador e governador.
Ao povo de São Cristóvão, já bem calejado depois de décadas de altos e baixos, com sucessivas ocorrências desastrosas em diferentes gestões, cabe uma reflexão profunda. Principalmente pelo fato de que terá a oportunidade única de assumir um protagonismo inédito em sua história recente, haja vista que, quanto maior for a votação destinada ao atual prefeito, mais legitimidade ele terá para dar continuidade aos projetos que levaram, por exemplo, o município a subir da 49ª para a 5ª posição no IDEB.
* Bruno Balbino é jornalista graduado pela UNIT – Universidade Tiradentes.