As fábulas do presidente
Publicado em 22 de novembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Indisposto com os fatos, o presidente Jair Bolso- naro insiste na fábula. Em gravação encaminha da ao G-20, o brasileiro disse aos líderes das maiores nações do mundo que o tempo teria desmascarado a farsa da pandemia. Sem corar.
A declaração literal de Bolsonaro nega a realidade por meio de eufemismos e subterfúgios. Segundo ele, a crise é sanitária e também econômica. Até aí, tudo certo. Em seguida, no entanto, o presidente declara sua real preocupação. "Devemos manter o firme compromisso para trabalhar pelo crescimento econômico e a liberdade de nossos povos e a prosperidade do mundo".
Para bom entendedor, meia palavra basta. Bolsonaro enxerga o mundo de modo grosseiramente simplificado, em contrastes de preto e branco. Alheio a qualquer nuance, ele já defendeu, por exemplo, que os direitos trabalhistas impedem a criação de empregos, ou que a legislação ambiental é obstáculo para o desenvolvimento. Do mesmo modo, a preservação de vidas seria contrária à economia.
Enquanto isso, uma segunda onda ganha volume. Embora o Ministério da Saúde, afirme não ter dados que confirmem o crescimento da doença do Brasil, o número de mortos continua crescendo, já ultrapassou 168 mil óbitos. Só na última quinta-feira, foram registradas 644 vítimas fatais, segundo um consórcio de veículos de comunicação que faz o trabalho de contagem, negligenciado pelo Governo Federal.
A média móvel de 544 mortes nos últimos sete dias confirma a tendência de alta, verificada em 13 estados: PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, GO, AP, RO, RR, TO e RN. Pode ser que o pior ainda esteja por vir.