Manifestação dos enfermeiros em frente à Alese
Enfermeiros criticam decisão que permite eventos de Natal
Publicado em 23 de dezembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Um protesto realizado ontem de manhã por enfermeiros e outros profissionais de saúde criticou a resolução do governo estadual que permitiu, ainda que em capacidades reduzidas, os eventos de comemoração do Natal e do Réveillon em Sergipe. A manifestação foi convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros de Sergipe (Seese), que colocou faixas e uma barraca em frente à sede da Assembleia Legislativa (Alese), na Praça Fausto Cardoso (Centro). O grupo de manifestantes usava jalecos e máscaras, mantendo o distanciamento entre eles.
Os profissionais pediram que o Estado suspenda ou reveja a resolução 7 do Comitê Técnico-Científico de Atividades Especiais (CTCAE), expedida em 15 de dezembro de 2020, que permite a realização de festas de fim de anoque tenham a presença de até 100 pessoas em ambientes fechados e 150 em ambientes abertos. Na ocasião, a resolução alterou uma permissão que já existia, só que com 50% a mais das respectivas capacidades.
A redução foi alegada como medida de precaução para o avanço dos casos da doença, mas não é considerada suficiente pelos enfermeiros. Segundo eles, qualquer aglomeração de pessoas vai contribuir para uma maior contaminação com o vírus, já que as taxas de transmissão voltaram à média de 1,43, acima do patamar registrado em julho, quando a primeira fase da pandemia atingiu seu pico máximo.
"O aumento vertiginoso do número de casos e mortes por COVID-19 em Sergipe contrasta com a elevada taxa de ocupação de leitos de UTI, com a ausência de vacinas, serviço sobrecarregado para diagnóstico da doença e o desabastecimento de medicações para transplantados, pacientes oncológicos, portadores de Hanseníase, entre outros.A Resolução contribuirá para que a pandemia se agrave no Estado",diz o sindicato, afirmando ainda "que tanto a Prefeitura de Aracaju como o governo estadual não estão tomando as devidas precauções com a população para conter a pandemia". As faixas da manifestação traziam as frases "Todas as vidas importam", "A pandemia não acabou" e "Vacina já para todas e todos".
Os profissionais de saúde também cobram do Governo do Estado o envio de uma carta de intenções ao Instituto Butantan, em São Paulo, manifestando interesse na compra de lotes da vacina Coronavac, produzida pelo instituto paulista em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Em Sergipe, essa intenção de compra já foi apresentada pelas prefeituras de Aracaju e São Cristóvão. "O Governo Estadual ainda não assinou carta de intenção para aquisição da Coronavac, o que configura um descaso com as vidas dos trabalhadores e da população em geral", afirma a Seese. Os enfermeiros também já estão mantendo contatos com parlamentares da bancada sergipana para reforçar suas reivindicações, além de divulgar uma carta aberta à população e ao governo do Estado, e enviar um ofício ao Ministério Público relatando todas essas problemáticas e requisitando uma audiência em caráter de urgência para tratar destes assuntos.
Em nota, o governo do estado disse que a última resolução do CTCAE diminuiu a capacidade dos eventos em 50% e aumentou o rigor com os protocolos, exigindo autorização prévia para a existência do evento, intensificando a fiscalização e punições para quem desobedecer às regras. Sobre a vacina, o Estado alegou quenão há, até o momento,nenhuma vacina autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas enquanto as autorizações não saem, Sergipe está organizando um plano e sua estrutura de saúde para vacinar a população.