Segunda, 13 De Janeiro De 2025
       
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GENIVAL LACERDA – PARA ALÉM DO DUPLO SENTIDO, A ARTE POPULAR


Publicado em 10 de janeiro de 2021
Por Jornal Do Dia


 

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Na última quinta-feira, 7, o Brasil perdeu para a COVID-19 um dos maiores nomes do forrozeiro brasileiro desde Luiz Gonzaga. Falecido aos 89 anos, em Recife-PE, Genival Lacerda deixa mais uma lacuna na cultura nacional e sua morte nos aponta para uma assertiva que nos parece invitável: 2020 ainda não acabou e o ano novo precisará ser realmente novo no que se refere aos cuidados e ao combate a essa doença que insiste em nos desafiar e nos entristecer.
Internado desde o dia 30 de novembro, Lacerda vinha lutando pela vida e não resistiu ao agravamento do seu estado de saúde, sobretudo, em razão da idade avançada. Natural de Campina Grande, Paraíba, no dia 5 de abril de 1931, foi autor de grandes sucessos, tais como: Severina Xique Xique, Caldinho de Mocotó, Mata o Véio, Radinho de Pilha e o Rock do Jegue. Foram mais de 70 discos gravados e uma trajetória marcada sobretudo por um estilo diferenciado de fazer forró, com canções de duplo sentido que fizeram escola entre outros artistas a exemplo de Zenilto e da sergipana Clemilda.
Em tempos de piseiro e forró eletrônico, a cultura nordestina segue firme, resistindo à modernidade em excesso e também ao chatíssimo politicamente correto. Genival Lacerda, com sua irreverência caiu no gosto popular e chamou a atenção até mesmo de grandes nomes da chamada música popular brasileiro, com quem dividiu palcos e gravações. Explorou a malícia como ninguém, com uma performance que incluía a sua clássica dancinha com a barriga, roupas coloridas, laço no pescoço e chapeuzinho com bolinhas.
Genival Lacerda começou sua carreira nos anos quarenta, na cidade natal, como radialista. Em 1953, mudou-se para Recife onde inaugurou sua veia artística, como cantor de forró, gravando seu primeiro disco em 1956. Em 1964, passou a morar no Rio de Janeiro. O sucesso nacional veio em 1975, com o LP Aqui tem Catimberê, com o seu primeiro grande hit Severina Xique Xique (faixa 1, Lado A). 
Conhecido nacionalmente, ano após ano emplacou um sucesso atrás de outro e a vender em escala. Em 1979, passou também a investir em capa de LP lascivas, com mulheres seminuas e apelo erótico, e canções como Radinho de Pilha e Rock do jegue, ambos do disco Não despreze seu coroa. No disco do ano seguinte, As riquezas do Brasil, o cantor agregou ao seu repertório a crítica social, em músicas como Diferença do rico e do pobre. Em 1981, no LP Me dê o gravador, com a mesma pegada, a faixa 6, do Lado B, Promessas não enche barriga.
No LP de 1982, hists como A Radiola e O Chevette da menina, além de duas canções que hoje seriam consideradas homofóbicas, mas que eram comuns para seu tempo: "H" sem homem e Forró gay. Ele fazia, ainda, deboche de situações como impotência masculina, traição e prostituição, além de "abusar" da libido masculina. Destaque para: Troque as pilhas e Mate o véio mate (1984); Caldinho de mocotó, O véio dançou e a Palha voa (1985); Trepadeira, A cobra de camelô, Fio Dental e Beth close (1987); Galeguinho do zoi azu, e Solte a franga (1988); Você só pensa naquilo e A ditadura mole (1989); O Rambo do Sertão (1992); O brinquedo da menina e Ele é boiola (1996). Entre outros. 
No Rio, ele passou a conviver com um time de nomes importantes do forró: Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro, com os quais aprendeu bastante. Artistas cujo romantismo e a valorização das coisas do Nordeste ele também acrescentou ao seu trabalho. Genival não fez só canções de duplo sentido, também interpretou o dia-a-dia do povo simples, cantou o amor pueril e apaixonado da gente nordestina. Ele criticou os estrangeirismos na música brasileira e até gravou alguns dos seus sucessos em formato mixado para tirar uma onda.
A partir dos anos 90, Genival radicou-se em Recife e seguiu com sua carreira mesmo com a chegada de novos ritmos e o forró tendo recebido tantas influências e sofrido modificações. Sempre esteve em evidência e alcançou até mesmo as novas gerações do tempo presente. Em 2017 recebeu, no Palácio do Planalto, pelas mãos do presidente Michel Temer a medalha da Ordem do Mérito Cultural (OMC).

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Na última quinta-feira, 7, o Brasil perdeu para a COVID-19 um dos maiores nomes do forrozeiro brasileiro desde Luiz Gonzaga. Falecido aos 89 anos, em Recife-PE, Genival Lacerda deixa mais uma lacuna na cultura nacional e sua morte nos aponta para uma assertiva que nos parece invitável: 2020 ainda não acabou e o ano novo precisará ser realmente novo no que se refere aos cuidados e ao combate a essa doença que insiste em nos desafiar e nos entristecer.
Internado desde o dia 30 de novembro, Lacerda vinha lutando pela vida e não resistiu ao agravamento do seu estado de saúde, sobretudo, em razão da idade avançada. Natural de Campina Grande, Paraíba, no dia 5 de abril de 1931, foi autor de grandes sucessos, tais como: Severina Xique Xique, Caldinho de Mocotó, Mata o Véio, Radinho de Pilha e o Rock do Jegue. Foram mais de 70 discos gravados e uma trajetória marcada sobretudo por um estilo diferenciado de fazer forró, com canções de duplo sentido que fizeram escola entre outros artistas a exemplo de Zenilto e da sergipana Clemilda.
Em tempos de piseiro e forró eletrônico, a cultura nordestina segue firme, resistindo à modernidade em excesso e também ao chatíssimo politicamente correto. Genival Lacerda, com sua irreverência caiu no gosto popular e chamou a atenção até mesmo de grandes nomes da chamada música popular brasileiro, com quem dividiu palcos e gravações. Explorou a malícia como ninguém, com uma performance que incluía a sua clássica dancinha com a barriga, roupas coloridas, laço no pescoço e chapeuzinho com bolinhas.
Genival Lacerda começou sua carreira nos anos quarenta, na cidade natal, como radialista. Em 1953, mudou-se para Recife onde inaugurou sua veia artística, como cantor de forró, gravando seu primeiro disco em 1956. Em 1964, passou a morar no Rio de Janeiro. O sucesso nacional veio em 1975, com o LP Aqui tem Catimberê, com o seu primeiro grande hit Severina Xique Xique (faixa 1, Lado A). 
Conhecido nacionalmente, ano após ano emplacou um sucesso atrás de outro e a vender em escala. Em 1979, passou também a investir em capa de LP lascivas, com mulheres seminuas e apelo erótico, e canções como Radinho de Pilha e Rock do jegue, ambos do disco Não despreze seu coroa. No disco do ano seguinte, As riquezas do Brasil, o cantor agregou ao seu repertório a crítica social, em músicas como Diferença do rico e do pobre. Em 1981, no LP Me dê o gravador, com a mesma pegada, a faixa 6, do Lado B, Promessas não enche barriga.
No LP de 1982, hists como A Radiola e O Chevette da menina, além de duas canções que hoje seriam consideradas homofóbicas, mas que eram comuns para seu tempo: "H" sem homem e Forró gay. Ele fazia, ainda, deboche de situações como impotência masculina, traição e prostituição, além de "abusar" da libido masculina. Destaque para: Troque as pilhas e Mate o véio mate (1984); Caldinho de mocotó, O véio dançou e a Palha voa (1985); Trepadeira, A cobra de camelô, Fio Dental e Beth close (1987); Galeguinho do zoi azu, e Solte a franga (1988); Você só pensa naquilo e A ditadura mole (1989); O Rambo do Sertão (1992); O brinquedo da menina e Ele é boiola (1996). Entre outros. 
No Rio, ele passou a conviver com um time de nomes importantes do forró: Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro, com os quais aprendeu bastante. Artistas cujo romantismo e a valorização das coisas do Nordeste ele também acrescentou ao seu trabalho. Genival não fez só canções de duplo sentido, também interpretou o dia-a-dia do povo simples, cantou o amor pueril e apaixonado da gente nordestina. Ele criticou os estrangeirismos na música brasileira e até gravou alguns dos seus sucessos em formato mixado para tirar uma onda.
A partir dos anos 90, Genival radicou-se em Recife e seguiu com sua carreira mesmo com a chegada de novos ritmos e o forró tendo recebido tantas influências e sofrido modificações. Sempre esteve em evidência e alcançou até mesmo as novas gerações do tempo presente. Em 2017 recebeu, no Palácio do Planalto, pelas mãos do presidente Michel Temer a medalha da Ordem do Mérito Cultural (OMC).

 

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