Crimes de responsabilidade

Não é à toa que o impeachment do presidente  Bolsonaro voltou a ocupar o debate público.  Não bastassem os 61 pedidos protocolados junto à Câmara de Deputados, com o poder institucional de deflagrar o processo, a sua popularidade despenca, em queda livre. O fim do auxílio emergencial mais os 212 mil mortos pelo coronavírus associado à ausência de um cronograma de vacinação confiável podem derrubar o presidente.
Crimes de responsabilidade foram cometidos às pencas, desde o início do mandato. Até agora, no entanto, o lastro popular do presidente impediu a criação do ambiente político indispensável ao impedimento. Aparentemente, apesar da campanha de desinformação bancada por Bolsonaro e asseclas, a paciência do brasileiro chegou ao fim.
Os números da pesquisa Datafolha acendem um alerta em Brasília: A confiança no presidente e, por consequência, no governo federal esfarela. Segundo a pesquisa realizada há poucos dias, metade dos brasileiros simplesmente não confia na capacidade de governar de Bolsonaro. Também segundo metade dos brasileiros, ele não é confiável. De fato, os exemplos de falta de honestidade intelectual são fartos. O que o presidente fala não se escreve.
Bolsonaro é o presidente com pior avaliação popular na História da República, perde apenas para Fernando Collor (PRN), que no seu segundo ano de governo tinha rejeição de 48%. Só que o alagoano já estava acossado pelas denúncias que levaram ao seu impeachment e renúncia. 
A população já deu o recado: Não confia mais no presidente. Cabe ao Congresso Nacional, portanto, assumir a própria responsabilidade e cobrar os diversos crimes cometidos por Bolsonaro.