Drama e beleza até a tampa
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Sensação de abismo
Publicado em 26 de fevereiro de 2021
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
De pouco adiantou ressaltar a contri buição fundamental de tantos quantos colaboraram na realização de seus discos. Akoya (2016) e Ignátia (2019) receberam a assinatura de Tori. Para todos os efeitos, a menina era a principal responsável pelos erros e acertos de tais registros.
Agora, a história é outra. Com a criação da banda Ipásia, o caráter coletivo do projeto ganha volume. O timbre inconfundível da cantora está lá, firme e forte. Além da voz sempre bem colocada de Tori, contudo, o single ‘Paura’ chama atenção pela atmosfera carregada – trabalho de uma banda inteira.
A canção é fruto de uma parceria entre Tori, a pianista Júlia Rocha e o batera Alexandre Damasceno. As guitarras de Ricardo Ramos, em diálogo tenso com as teclas, sublinham os desencontros sugeridos pela letra, em andamento o mais contido, até que o instrumental explode em um brit pop pulsante, embalado pelo baixo de Beatriz Linhares. Há drama e beleza até a tampa. Em mim, ‘Paura’ deixou algo de melancólico, uma sensação de abismo.
Coincidência, ou não, o single anuncia ‘Vertigem’, álbum de nome sugestivo, ainda sem data de lançamento divulgada. A canção ganhou clipe assinado por Jéssica Dias, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc distribuídos pela Funcaju. Quem gostou do derivado audiovisual de Paura, observou a pretensa comunhão entre a letra da música e o roteiro em questão. A impressão é legítima. Eu admito que a fotografia de Luli Morante é bem bonita. E mais não digo.