À beira do colapso
Publicado em 02 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
Uma manifestação coletiva dos secretários de saúde brasileiros deu conhecimento cartorial, por assim dizer, à impressão corrente na boca dos brasileiros. No momento mais agudo de sua maior crise, o País está sem direção.
Os governantes eleitos têm nome e sobrenome conhecido. Lideranças capazes de chamar a responsabilidade para si, a fim de enfrentar os efeitos deletérios da pandemia em curso em suas diversas frentes, ao contrário, ninguém viu. Enquanto esteve à frente do Ministério da Saúde, o médico Luiz Henrique Mandetta bem que se esforçou para fazer valer os preceitos da Ciência. Mas fez sombra ao negacionismo do presidente Bolsonaro e acabou defenestrado. Desde então, o número de mortes por Covid-19 só aumentou.
Os sistemas públicos e privados de saúde estão à beira do colapso. Sem o alento do auxílio emergencial, 14 milhões de trabalhadores desempregados são espreitados pela fome. Na opinião do Conass, que reúne gestores locais das 27 unidades da federação, somente o lockdown pode salvar o País do caos.
A situação preocupa. Os secretários recomendam que sejam vetados eventos, congressos e atividades religiosas em todo o país, suspensas aulas presenciais e adotado toque de recolher das 20h às 6h e fechados praias e bares, por exemplo. Também aconselha o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual.
Sem outro remédio, sem vacina disponível, somente o isolamento pode surtir efeito, a médio e longo prazo. Infelizmente, o comportamento do presidente Jair Bolsonaro, a quem caberia usar de todos os meios para frear a pandemia, aponta em outra direção. O presidente quer o maior número de brasileiros nas ruas, aglomerados, sem máscaras, vulneráveis, morrendo feito moscas.