Ambulatório de oncologia do Huse
Faltam medicamentos oncológicos no Huse
Publicado em 04 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
Um conjunto de impas ses administrativos e burocráticos tem contribuído para que dezenas de pacientes oncológicos, acolhidos pelo Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho, voltem a se deparar com a necessidade de suspender os respectivos tratamentos. Na tarde de ontem, enquanto os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) denunciavam a ausência, por exemplo, dos medicamentos Bleomicina e Dacarbazina, o Governo de Sergipe – através da Secretaria de Estado da Saúde (SES) -, emitia nota pública indicando que desde o segundo semestre do ano passado, a Coordenação de Licitação da pasta da Saúde realizou três licitações via pregão, para aquisição de medicamentos oncológicos.
De acordo com a pasta, "todos os processos de licitações ou deram desertas ou fracassaram porque os arrematantes não atenderam aos critérios técnicos do edital, prejudicando assim o processo licitatório. As justificativas apresentadas pelas empresas fornecedoras para não participarem das licitações são várias, entre elas, que estão com falta de matéria-prima para a produção dos medicamentos ou insumos em questão". Esse tipo de cenário adverso tem sido enfrentado pelos pacientes há mais de cinco anos. Conforme protestado pela hoje vereadora Sheila Galba, representante do Grupo Mulheres de Peito, a constante ausência de compromisso humanitário tem contribuído diretamente para que este tipo de falta de assistência volte a impactar na vida das pessoas.
Ao JORNAL DO DIA a militante social em defesa da qualificação do SUS enalteceu a necessidade de os órgãos estaduais e federais de fiscalização passem a punir com o máximo de rigor da Lei, todos os administradores públicos que contribuem direta e/ou indiretamente para a continuidade deste problema. "É angustiante chegar ao hospital e ser informado que não tem o remédio, necessário para te manter viva na luta contra essa doença. A autoestima já anda meio abalada, e, com a falta do remédio, é que abala de vez o emocional do paciente. Não é de hoje que pedimos rigorosidade por parte dos órgãos fiscalizadores; é preciso punir forte para evitar que esse tipo de fato lamentável permaneça presente no dia-a-dia do SUS", declarou Sheila.
Questionada sobre o andamento do processo de aquisição dos remédios em falta, a Secretaria da Saúde informou que realizará nova licitação, buscando meios de contratação de forma direta através de adesões a atas ou por dispensas com base e fundamento na emergência da situação, ante o fracasso de mais de duas licitações, tudo para dar agilidade à regularização do fornecimento dos medicamentos oncológicos. Ainda de acordo com a SES, a previsão da administração estadual é finalizar o processo de aquisição dos medicamentos o mais breve possível para imediata regularização do estoque. Apesar dos esforços, a SES optou por não apresentar uma possível data indicando possível recebimento dos produtos.
"O que nos resta é realmente torcer para que esses medicamentos sejam logo adquiridos e repassados para os pacientes. Essa é a nossa torcida paralela ao desejo de justiça; justiça contra aqueles que lamentavelmente seguem contribuindo diretamente para que inúmeras famílias sigam sofrendo na esperança de não perder seu ente querido para o câncer", destacou Sheila Galba, que completou oferecendo o respectivo mandado parlamentar a todos os usuários do sistema: "estarei sempre à disposição para que possamos juntos buscar o verdadeiro avanço que o Sistema Único de Saúde deve oferecer aos contribuintes. Vocês [pacientes] não estão sós, possuem o meu apoio integral".