Vida normal
Publicado em 05 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
O Plano Nacional de Imunização é um fracasso. Sem vacina disponível para a maioria da população, os governos locais tiveram de ampliar as restrições à aglomeração de pessoas, a fim de impedir o colapso dos sistemas público e privado de saúde. Este fim de semana e no próximo, atividades não essenciais estão suspensas em Sergipe.
Não se trata ainda de um verdadeiro toque de recolher, nem de um lockdown digno do nome, como queriam os especialistas. O governador Belivaldo Chagas faz de tudo para equilibrar as urgências geradas pela crise sanitária aos imperativos da economia. A manobra é temerária. A hesitação pode cobrar a fatura em vidas perdidas, um preço alto demais.
Em verdade, o rigor se impôs. Na rede privada, simplesmente não há vagas de internação para a terapia intensiva, destinada aos casos mais graves. Na pública, a taxa de ocupação chega próximo da capacidade, em torno de 60%. Segundo Belivaldo, há dificuldade para ampliar o número de leitos, tendo em vista a escassez de recursos humanos. Em outras palavras: Não há profissionais médicos dispostos a atuar na linha de frente contra o Covid-19.
O próprio governador reconhece que as medidas ainda são brandas. "Não é o fim do mundo. A vida continua normal", afirmou em entrevista coletiva, quando informou a respeito do decreto que restringe a atividade comercial ao longo dos próximos dias. Infelizmente, Belivaldo não falta com a verdade. De fato, a maior parte dos sergipanos lida com a pandemia de modo muito natural, até irresponsável. O estado tem um dos piores índices de isolamento social do Brasil.
A alta dos casos de Covid-19 era previsível. O governo de Sergipe agiu com bom senso e revogou o ponto facultativo de Carnaval, a fim de evitar o pior. Mas não foi acompanhado pelos demais poderes da República no estado. Deu no que deu.