Quadro de Wellington
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Com Lula, Rogério é ainda mais forte
Publicado em 13 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
A decisão do ministro Edson Fachin, do STF, em anular as condenações do ex-presidente Lula, permitindo a sua participação na disputa presidencial de 2022, amplia as possibilidades do senador Rogério Carvalho (PT) se transformar em candidato favorito ao governo do estado. O PT ainda integra a base do governador Belivaldo Chagas (PSD), mas tem poucas chances de indicar o candidato do bloco.
Nas eleições do ano passado, Rogério atuou com a mesma intensidade de 2018 quando conquistou o mandato, depois de quase ter alcançado o objetivo em 2014, após pesquisa Ibope divulgada pela TV Sergipe na sexta-feira antes do pleito ter influenciado o resultado. Na época, a emissora ainda era do ex-governador Albano Franco, que tinha interesse direto no pleito, porque o seu filho Ricardo era candidato a primeiro suplente da senadora Maria do Carmo Alves (DEM).
Rogério não espera contar apenas com a boa projeção do seu mandato em Brasília, onde se transformou em líder da bancada do PT no Senado logo no segundo ano de mandato. Ele não está deixando escapar a oportunidade, da mesma forma que fez José Eduardo Dutra e Marcelo Déda na Câmara dos Deputados. Foram os mandatos federais que abriram caminho para a ascensão de Déda na prefeitura de Aracaju e governo do estado, a partir do ano 2.000, até a sua morte em dois de dezembro de 2013.
O senador petista sabe que nunca seria escolhido pelo bloco e constrói a sua candidatura a governador com voracidade, tem aliados importantes em todos os municípios do estado e hoje flerta abertamente com o DEM da senadora Maria do Carmo, viúva de João Alves, que está em final de mandato, e com o PSC do ex-deputado federal André Moura, nome em ascensão na política estadual.
O senador Rogério pode até não ter o carisma de Déda, mas é organizado e tem grande capacidade de liderança, a ponto de pacificar todas as correntes internas e lideranças do PT, a exemplo da vice-governadora Eliane Aquino, e dos ex-deputados Márcio Macêdo e Ana Lúcia. O senador transferiu a presidência do PT para o deputado federal João Daniel, seu velho aliado, mas é quem mais atua para o fortalecimento do partido no estado, até pela projeção como líder no senado e condições materiais de viabilizar esse processo.
Nas eleições municipais Rogério Carvalho retribuiu o apoio que recebeu de lideranças em todos os municípios sergipanos na eleição de 2018, independente de partido.
Hoje, entre os aliados do governador, que não pode disputar a reeleição, há quatro nomes discutidos com força para 2022: além de Rogério, o deputado federal Laércio Oliveira (PP) e um nome do PSD – o deputado federal Fábio Mitidieri ou o conselheiro do TCE Ulices Andrade. Laércio e Fábio ficariam sem mandato em caso de derrota e para ser candidato Ulices teria que pedir aposentadoria compulsória. O mandato de Rogério vai até 2026.
Não há nomes novos e dificilmente irá aparecer algum nesse período pré-eleitoral. A novidade de 2018, que permitiu a eleição de Alessandro, embalado na campanha policialesca e de fake-news do presidente Bolsonaro, não deve se repetir, mesmo com o presidente disputando a reeleição. O governo federal é um caos e até beneficiados diretos durante a campanha anterior, como o próprio Alessandro, hoje estão na oposição.
De 1982, quando foram restabelecidas as eleições diretas para governador, Sergipe foi dirigido por apenas quatro lideranças: João Alves Filho (1983-1986, 1991-1994 e 2003-2006), Albano Franco (1995-1998, 1999-2002), Marcelo Déda (2007-2010, 2011-2013) e Jackson Barreto (2013-2014 e 2015-2018). Nesse interim apareceu Antônio Carlos Valadares, cria da família Franco, mas que chegou ao governo em 1987 com o apoio de João Alves e Jackson, numa das eleições mais disputadas no estado, em 1986, quando derrotou José Carlos Teixeira, tradicional liderança da oposição, que, por ironia, foi o candidato de todas as oligarquias ainda bem estabelecidas em Sergipe.
O que pode provocar alguma mudança no quadro eleitoral futuro no estado seria uma decisão do TSE pela cassação do mandato da chapa Belivaldo/Eliane Aquino (PT), conforme recomendação do TRE, porque provocaria o surgimento um nome novo para governador-tampão. Mas nem isso afetaria Rogério.
Rogério surgiu na política sergipana pelas mãos de Marcelo Déda, como secretário da Saúde de Aracaju, do estado, deputado estadual, deputado federal e agora senador. E pode se eleger governador do estado mesmo rompendo com o grupo no poder desde 2006, exatamente com a vitória de Déda.
Policiais mobilizados
A União dos Policiais do Brasil está organizando uma manifestação contra o governo de Jair Bolsonaro. As principais insatisfações da entidade estão relacionadas a pontos propostos pelo governo na PEC Emergencial, aprovada na madrugada desta sexta-feira (12) pela Câmara, que pode congelar salários do funcionalismo por até 15 anos.
A entidade ainda deixa claro que durante a discussão da PEC Emergencial "jamais celebrou qualquer acordo com o governo federal, sendo sequer chamada para negociação nesse sentido". Diante desses argumentos, a UPB convocou dois atos: uma carreata pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na quarta-feira (17); e uma mobilização dos servidores da segurança pública civil na segunda feira (22), em frente a cada uma das unidades de trabalho.
A PEC emergencial congelou o salário dos servidores públicos por 15 anos, com o apoio dos deputados sergipanos Bosco Costa (PL), Fábio Mitidieri (PSD), Fábio Reis (MDB), Gustinho Ribeiro (Solidariedade), Laércio Oliveira (PP) e Valdevan Noventa (PL). Os deputados Fábio Henrique (PDT) e João Daniel (PT) votaram contra.
A indignação de um médico
O médico intensivista Luiz Flávio Prado demonstrou indignação, sexta-feira (12), com a lotação dos hospitais sergipanos em função do rápido aumento de pacientes com covid-19. "Não é possível que achemos normal hospitais fechando portas por falta de condição de atendimento e shoppings, bares, restaurantes e lojas abertas. Não podemos achar isso normal. INDIGNAI-VOS!!!!!", protestou o médico.
Prossegue Luiz Flávio: "Acabei de viver uma situação que é surreal, onde tive que pedir ajuda a colegas de outras UTIs porque eu precisei intubar, simultaneamente, três pacientes, dois deles jovens, um com 31 anos, o outro com 42 anos, e mais um na fila de espera para ser intubado e a gente vai tentar não intubar. Essa é uma situação que para mim é surreal, eu já tenho quase 20 anos de terapia intensiva e nunca passei por uma situação dessas. São pacientes que evoluem muito rapidamente, muito graves."
Por fim, o médico Luiz Flávio Prado faz um alerta: "A gente não vai ter mais vaga. Quando a gente intuba um paciente em UTI, normalmente ele vai ficar 7, às vezes 14, 20 dias ocupando esse leito. Estou verdadeiramente pasmo para entender o que está faltando para as pessoas entenderem o momento que a gente está vivendo. Temos hospitais fechando as portas e temos bares, restaurantes e shoppingns centers abertos."
Plenário vai julgar anulação
O ministro Edson Fachin remeteu ao Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) o recurso (agravo regimental) da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sua decisão no Habeas Corpus (HC) 193726 em que determinou a anulação de todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) nas ações penais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive as condenações. No recurso, a PGR pede que seja reconhecida a competência daquele juízo e a preservação de todos os atos processuais e decisórios.
No despacho, o ministro observou que, por ter aplicado ao caso a orientação majoritária da Segunda Turma do STF, mantém as razões que o levaram a conceder o habeas corpus.