Zero à esquerda
Publicado em 16 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
Sob Bolsonaro, a posição de ministro da Saúde é dor de cabeça certa. Não surpreende, portanto, as dificuldades enfrentadas pelo presidente para preencher o cargo.
Mandetta, Teich e Pazuello não duraram. Com a eclosão da pandemia, os dois primeiros fizeram de tudo para impor a orientação científica na condução das políticas públicas conduzidas pela pasta e bateram de frente com o chefe, negacionista notório. O último, ao contrário, um general do exército, aceitou todas as humilhações calado, mas não possui a credibilidade exigida pela comunidade internacional em momento tão singular da história. De tanto trocar os pés pelas mãos, a fim de fazer coro a Bolsonaro, acabou fritado.
A pandemia é realidade há pouco mais de um ano. Nesse breve período, o Brasil já teve três ministros da saúde. Se tal rotatividade é inusitada em tempos normais, calcule-se a gravidade do troca troca em tempo de guerra. Infelizmente, as prioridades eleitas pelo governo de turno em Brasília parecem mais suscetíveis ao humor dos eleitores do que às lágrimas dos cidadãos enlutados.
Pazuello é um zero à esquerda, jamais esteve à altura do cargo. Foi empossado por um capricho genocida do presidente. Mas os números mais recentes de mortos e contagiados pelo coronavírus já não permitem brincadeiras mórbidas com a vida dos brasileiros, como vem ocorrendo ao longo dos últimos meses. Daí a urgência da nova substituição.
A essa altura do campeonato, no entanto, vai ser difícil encontrar um cientista de verdade disposto a assumir o lugar do general. A médica Ludhmila Hajjar declinou o convite, alegando razões técnicas. A desculpa explica pouco e também sugere um bocado. O certo é que outros profissionais respeitados devem adotar o mesmo comportamento. A menos que não respeitem a si mesmos, claro.