Perguntas sem respostas
Publicado em 10 de abril de 2021
Por Jornal Do Dia
O ministro Luís Roberto Barroso atendeu a pedido de liminar e determinou a abertura da CPI da Co vid no Senado. A decisão foi tomada em atenção ao texto da Constituição, além de estar amparada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Mas, para o presidente Jair Bolsonaro, tudo não passa de mera jogada política, articulada com o objetivo de desgastar o governo.
A CPI é necessária. De outro modo, perguntas as mais inquietantes permaneceriam sem resposta. O governo federal agiu com a devida responsabilidade, a fim de impor os obstáculos necessários ao contágio por Covid-19 no Brasil? Uma minoria eleita de forma legítima, ora abancada no Senado da República, quer saber. E adotou todas as providências legais para tanto. Determinou o fato a ser investigado; recolheu as assinaturas indispensáveis à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito; definiu previamente a sua duração. Somente o receio de se indispor com o Palácio do Planalto justificava a operação abafa realizada até agora pelo presidente da Câmara Alta, o senador Rodrigo Pacheco.
A pretensão de analisar os gestos, palavras e, sobretudo, a natureza dos investimentos realizados pelo poder executivo federal no combate à pandemia está entre as atribuições dos senhores parlamentares. Há indícios de sobra, a sugerir negligência. Para Bolsonaro, principal alvo das suspeitas que pairam no ar, entretanto, o ministro Barroso atendeu a razões de ordem política ao fazer cumprir a Constituição. A reação do presidente é de quem tem culpa no cartório.
Ainda está para nascer quem bata palmas ao ser pego com a boca na botija. Bolsonaro, por exemplo, afirma que a proposta da CPI partiu de parlamentares "de esquerda", como se houvesse aí um vício de origem. À pergunta que não quer calar, contudo, o presidente não responde: O que fez ou deixou de fazer para impedir a mortandade em curso no seu governo?