Para inglês ver
Publicado em 23 de abril de 2021
Por Jornal Do Dia
O presidente Jair Bolsonaro gastou latim à toa. O alegado compromisso com metas ambientais de primeiro mundo, assumido ontem, durante a sua participação na Cúpula do Clima convocada pelo americano Joe Biden, simplesmente não convence. Todo o mundo já sabe que Bolsonaro mente sem corar. Por consequência, o brasileiro não tem um pingo de credibilidade.
Bolsonaro adotou um tom moderado. Mas os dados da realidade berram alto. O desmatamento na Amazônia, por exemplo, é recorde. O investimento em fiscalização, ao contrário, sofre corte atrás de corte. Com efeito, a política tocada pelo governo federal pretende deixar a floresta à míngua, completamente desguarnecida, vulnerável, pronta para ser explorada.
O presidente brasileiro pode tentar falar bonito, para inglês ver. Mas os fatos são mais eloquentes. O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, ligado ao Ministério do Meio Ambiente e responsável por unidades de conservação federais, enfrenta severas restrições financeiras. Os fiscais do IBAMA, por sua vez, foram praticamente desautorizados a realizar o próprio trabalho. O resultado está computado numa estatística vergonhosa: O ano passado registrou a menor quantidade de multas por desmatamento ilegal na história. O desmatamento, no entanto, diga-se mais uma vez, é recorde.
Bolsonaro dá sinais de finalmente perceber o custo político de defender uma agenda ambiental predatória, como faz desde a campanha que o consagrou presidente do Brasil. Ricardo Salles, no entanto, segue firme e forte no ministério do Meio Ambiente. Ou seja: o realinhamento junto à comunidade internacional é puro teatro, conversa pra boi dormir. A depender do governo federal, a Amazônia restará pelada.