Sob o fio da espada
Publicado em 04 de maio de 2021
Por Jornal Do Dia
De acordo com as previsões mais conservadoras, quase duzentos mil brasileiros devem morrer até agosto, vítimas das omissões criminosas do governo federal, em associação com a Covid-19. As projeções levam em conta as deficiências do Plano Nacional de Imunização, além da insuficiência de testes. Isso tudo, mais o poder de fogo devastador do vírus, naturalmente.
O Brasil pode chegar a 575,6 mil mortes no dia 1º de agosto no cenário mais provável projetado pelo Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação (IHME) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. No pior cenário, o país atingirá 688,7 mil óbitos no mesmo período. O instituto também avalia que é possível a ocorrência de uma terceira onda a partir do final de maio.
Tudo vai depender do comportamento da população. Na ausência de uma liderança competente para orientar os brasileiros rumo a uma conduta coletiva responsável, capaz de servir de exemplo, cada um terá de responder por si mesmo. Os números do contágio, mais o colapso das redes públicas e privadas de saúde, no entanto, recomendam prudência. Evitar aglomerações, respeitar o distanciamento social e usar a máscara podem fazer a diferença entre uma vida longa, duradoura, e a morte prematura.
Infelizmente, Bolsonaro pegou o caminho errado, alheio ao bom senso, deliberadamente. O resultado se vê nas estatísticas e nas ruas. Último domingo, incentivados pelo negacionismo aboletado no primeiro escalão da República, entusiastas do presidente pediram o fim das medidas de restrição contra o coronavírus e foram além: Os insensatos clamam por um golpe militar, a destituição dos ministros do STF e o fechamento do Congresso Nacional.
Não é à toa, portanto, que o País virou um caso único no mundo. Por aqui, há quem não ligue para a espada que paira sobre o pescoço de centenas de milhares de brasileiros e também sobre a própria democracia.