Quinta, 16 De Janeiro De 2025
       
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Que 13 de maio estamos falando?


Publicado em 11 de maio de 2021
Por Jornal Do Dia


 

* Gregório José
 
Para pensar em misticismo ou em liberdade é preciso voltar no tempo, mas sem tentar modificar a história e os fatos que ocorreram. Um ano antes, na Bahia, o governo estadual proibiu cantar samba e a prática da Capoeira. Naquele estado brsileiro, os escravos libertos eram maioria dos que os homens negros escravizados. Por este motivo era questão de tempo que a liberdade chegasse para todos.
Para quem acredita em superstição, estamos com 133 anos da Abolição da Escravatura. E, comemorando a data em 13 de maio que, por conseguinte é o 133º dia do ano no calendário gregoriano. A data, em 2021, é entendida pelas ordens secretas, esotéricas, filosóficas e místicas como sendo uma proporção áurea (fazendo o trocadilho) do ano.
Naquela ocasião, os movimentos populares e parlamentares, vislumbravam, um momento épico no Brasil. Talvez tão intenso quanto as Diretas Já, que pediam o fim do regime militar e a volta das eleições para que se escolhessem a Presidência da República no Brasil. Esta só se concretizaria com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso Nacional.
Mas voltando aos 133 anos de abolição pouco há o que se comemorar, mesmo depois de tantos anos. O Brasil miscigenado de negros (pretos e pardos) e poucos brancos, segundo dados do IBGE tem, o homem branco, no topo da pirâmide que recebem dos melhores rendimentos salariais.
Para cada R$ 1.000 pago a um homem branco, são pagos R$ 758 para uma mulher branca, R$ 561 para um homem preto ou pardo e R$ 444 para uma mulher preta ou parda.
Deu pra sentir a liberdade?
A importante pesquisa do IBGE sobre "cor ou raça da população brasileira" é feita com base na autodeclaração. O que significa que é a própria pessoa perguntada sobre sua cor de acordo com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela marca aquele em que acha que se enquadra.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019 trouxe referências como: 42,7% brancos, 46,8% pardos, 9,4% pretos e 1,1% amarelos ou indígenas. O próprio cidadão se autodeclarou neste perfil.
Se em 1888 os pretos tentavam sua emancipação dos senhores escravocatas, hoje sonham com uma igualdade salarial, anos luz de se equilibrar.
Em recente pesquisa realizada pelo Instituto Ethos apontou que negros ocupam cerca de 4,9% das vagas nos Conselhos de Administração das 500 empresas de maior faturamento do Brasil. Nos quadros diretivos das empresa os pretos são 4,7% dos cargos de comando, enquanto na área gerencial ficam com apenas 6,3% dos postos oferecidos.
Já no mercado de trabalho geral, mão de obra empregada formalmente, pretos e pardos são maioria, ficando entre 57% e 58%, respectivamente.
Quanto à taxa de pobreza, naquela ocasião em que foram colocados na rua, expulsos de fazendas e foram para a periferia das cidades oferecerem suas mão de obras em troca da sobrevivência, hoje as taxas de pobreza e de pobreza extrema são maiores entre a população negra (pretos e pardos).
O IBGE apontava que, no Brasil, em 2018: 15,4% dos brancos viviam com menos de US$ 5,50 por dia – valor adotado pelo Banco Mundial para indicar a linha de pobreza em economias médias. O Brasil se enquadra aqui. Já os pretos e pardos na linha de pobreza chegava a 32,9% da população. Somando-se brancos e negros vivendo com menos de U$ 5,50 temos mais de 53% dos brasileiros.
Portanto, que 13 de maio iremos comemorar?
Ainda continuamos escravos de nós mesmos. Isso porque insistimos em abandonar as escolas, paramos de estudar a bel prazer e com o sonho de que todos podem ser jogadores de futebol ou cantores de sucesso, sem contar os inúmeros blogueiros e influenciadores digitais.
Cabe a nós, pretos e pardos, mudarmos nossa sina e ela só virá quando entendermos que somos tão bom ou melhores do que os brancos. Mas temos que crer e provar, afinal, a Lei Áurea fez 133 anos e ainda continuamos aqui, indo pra lugar nenhum.
 * Gregório José, radialista, Jornalista e Filósofo. Acadêmico de Direito e pardo

* Gregório José

Para pensar em misticismo ou em liberdade é preciso voltar no tempo, mas sem tentar modificar a história e os fatos que ocorreram. Um ano antes, na Bahia, o governo estadual proibiu cantar samba e a prática da Capoeira. Naquele estado brsileiro, os escravos libertos eram maioria dos que os homens negros escravizados. Por este motivo era questão de tempo que a liberdade chegasse para todos.
Para quem acredita em superstição, estamos com 133 anos da Abolição da Escravatura. E, comemorando a data em 13 de maio que, por conseguinte é o 133º dia do ano no calendário gregoriano. A data, em 2021, é entendida pelas ordens secretas, esotéricas, filosóficas e místicas como sendo uma proporção áurea (fazendo o trocadilho) do ano.
Naquela ocasião, os movimentos populares e parlamentares, vislumbravam, um momento épico no Brasil. Talvez tão intenso quanto as Diretas Já, que pediam o fim do regime militar e a volta das eleições para que se escolhessem a Presidência da República no Brasil. Esta só se concretizaria com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso Nacional.
Mas voltando aos 133 anos de abolição pouco há o que se comemorar, mesmo depois de tantos anos. O Brasil miscigenado de negros (pretos e pardos) e poucos brancos, segundo dados do IBGE tem, o homem branco, no topo da pirâmide que recebem dos melhores rendimentos salariais.
Para cada R$ 1.000 pago a um homem branco, são pagos R$ 758 para uma mulher branca, R$ 561 para um homem preto ou pardo e R$ 444 para uma mulher preta ou parda.
Deu pra sentir a liberdade?
A importante pesquisa do IBGE sobre "cor ou raça da população brasileira" é feita com base na autodeclaração. O que significa que é a própria pessoa perguntada sobre sua cor de acordo com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela marca aquele em que acha que se enquadra.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019 trouxe referências como: 42,7% brancos, 46,8% pardos, 9,4% pretos e 1,1% amarelos ou indígenas. O próprio cidadão se autodeclarou neste perfil.
Se em 1888 os pretos tentavam sua emancipação dos senhores escravocatas, hoje sonham com uma igualdade salarial, anos luz de se equilibrar.
Em recente pesquisa realizada pelo Instituto Ethos apontou que negros ocupam cerca de 4,9% das vagas nos Conselhos de Administração das 500 empresas de maior faturamento do Brasil. Nos quadros diretivos das empresa os pretos são 4,7% dos cargos de comando, enquanto na área gerencial ficam com apenas 6,3% dos postos oferecidos.
Já no mercado de trabalho geral, mão de obra empregada formalmente, pretos e pardos são maioria, ficando entre 57% e 58%, respectivamente.
Quanto à taxa de pobreza, naquela ocasião em que foram colocados na rua, expulsos de fazendas e foram para a periferia das cidades oferecerem suas mão de obras em troca da sobrevivência, hoje as taxas de pobreza e de pobreza extrema são maiores entre a população negra (pretos e pardos).
O IBGE apontava que, no Brasil, em 2018: 15,4% dos brancos viviam com menos de US$ 5,50 por dia – valor adotado pelo Banco Mundial para indicar a linha de pobreza em economias médias. O Brasil se enquadra aqui. Já os pretos e pardos na linha de pobreza chegava a 32,9% da população. Somando-se brancos e negros vivendo com menos de U$ 5,50 temos mais de 53% dos brasileiros.
Portanto, que 13 de maio iremos comemorar?
Ainda continuamos escravos de nós mesmos. Isso porque insistimos em abandonar as escolas, paramos de estudar a bel prazer e com o sonho de que todos podem ser jogadores de futebol ou cantores de sucesso, sem contar os inúmeros blogueiros e influenciadores digitais.
Cabe a nós, pretos e pardos, mudarmos nossa sina e ela só virá quando entendermos que somos tão bom ou melhores do que os brancos. Mas temos que crer e provar, afinal, a Lei Áurea fez 133 anos e ainda continuamos aqui, indo pra lugar nenhum.

 * Gregório José, radialista, Jornalista e Filósofo. Acadêmico de Direito e pardo

 

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