Sinistros de trânsito: uma pandemia oculta
Publicado em 27 de maio de 2021
Por Jornal Do Dia
* Lacerda Júnior
No final de 2019 o mundo assistia o nascimento de uma crise sanitária que abalaria o mundo: a pandemia da Covid-19. Desde lá diversos esforços têm sido empreendidos e as nações mobilizaram altas quantias na produção/aquisição de vacinas com potencial de combate ao vírus. Porém, há décadas outra pandemia tem se disseminado pelas diversas nações do mundo sem mobilizar a atenção da sociedade: a dos sinistros de trânsito.
Os dados apontam que no Brasil morreram 31.307 pessoas em 2019 e 27.839 no período compreendido entre janeiro e outubro de 2020. As estatísticas ainda mostram que a cada sete minutos uma pessoa é vítima de um sinistro de trânsito. Estes indicadores colocam o Brasil entre os dez primeiros países com maior número de mortes causadas por esse tipo de evento.
Os números por si só já são assustadores, porém, sabe-se que estes são subestimados, tendo em vista que não há integração entre as bases que registram as ocorrências, além do fato de que grande parte dos municípios ainda não contam órgãos de trânsito, o que dificulta o registro. Estima-se que o número real de mortos ultrapasse a casa de 150 pessoas/dia e que o número de sequelados seja dez vezes maior.
Os sinistros de trânsito são responsáveis pela morte e sequelas de um número absurdo de pessoas. Estes incidentes, além dos danos que causam às famílias, agravam a situação do Sistema Único de Saúde, sobrecarregam o sistema previdenciário, além de consumir recursos públicos que poderiam ser destinados a outras ações.
Diferente do imunizante da Covid-19, a vacina para os sinistros de trânsito não depende de atitudes de terceiros nem de agentes biológicos, mas da responsabilidade de cada pessoa, seja ele condutor, pedestre ou ciclista. A vacina para este mal depende de uma mudança comportamental norteada por respeito e responsabilidade.
Só poderemos vencer a pandemia oculta dos sinistros de trânsito quando cada cidadão compreender que trânsito seguro é dever de todos e que a responsabilidade de cada um salva vidas.
* Lacerda Júnior, mestre em Educação e especialista em Gestão da Segurança e Educação para o Trânsito.