Bola murcha
Publicado em 01 de junho de 2021
Por Jornal Do Dia
A Copa América seria realizada inicialmente na Colômbia e na Argentina. O primeiro país foi descartado no último dia 20, em razão da turbulência política que vive. O segundo, no último domingo, em razão da situação da pandemia por lá. Assim, por decisão da Commebol, o torneio veio ao Brasil. Parece até que, nesta altura dos trópicos, a população vive sob um céu de brigadeiro e a gestão da crise sanitária é uma maravilha! Mais de 460 mil mortos pelo coronavírus garantem: A realidade é outra, bem diferente.
De pouco adiantaria estabelecer, aqui, mais uma vez, as relações nada casuais entre futebol e política. Mais proveitoso, no atual contexto, é trazer à flor da palavra os fatos em confronto com o negacionismo aboletado em Brasília.
A experiência de vacinação em larga escala feita pelo Instituto Butantan na cidade paulista de Serrana concluiu que a covid-19 pode ser considerada controlada com a vacinação de 75% da população. A cidade tinha um alto índice de contágio e, após a experiência, viu o número de mortes cair 95%. O problema é que até o momento somente 10,42% dos brasileiros, 22.063.266 pessoas, receberam duas doses de vacinas. E não há perspectiva razoável de que o Plano Nacional de Imunização finalmente deslanche, a bem dos brasileiros.
A realização da Copa América no Brasil certamente interessa ao governo de turno, presidido por um fascista extemporâneo, em guerra contra a Ciência, de notório desprezo pela vida. Além de Bolsonaro e os seus asseclas, no entanto, interessa a muito pouca gente. Mesmo considerando a paixão dos brasileiros pelo futebol.