Sexta, 17 De Janeiro De 2025
       
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FUTEBOL E POLÍTICA NO BRASIL – UMA RELAÇÃO TÊNUE E PROMÍSCUA


Publicado em 12 de junho de 2021
Por Jornal Do Dia


 

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
A decisão dos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, anunciada na última terça-feira, de que jogariam a Copa América sob protesto se não foi de todo algo espetacular ou mesmo radical, não deixou de ser histórica. A história do Brasil tem mostrado que o futebol, via de regra, ou foi omisso ou condescendente com as manobras de governos e regimes, sejam eles democráticos ou autoritários. Exceção feita à Democracia Corinthiana, movimento autêntico, original e marcante, sem precedentes e insuperável até a presente data.
A popularização do futebol do país deu-se a partir da primeira passagem de Getúlio Vargas pela Presidência da República. Estrategista, ele usava o São Januário como palco para as manifestações de populismo. Depois, com a era do Maracanã, inaugurado em 1950, mesmo com a dolorosa derrota para o Uruguai numa final de Copa do Mundo, fez do futebol uma paixão, para não dizer, uma febre nacional.
Doravante, não havia político que não quisesse levar algum tipo de vantagem com o esporte mais amado dos brasileiros até hoje. Finais de torneios importantes, jogos decisivos, entregas de troféu. Todos querendo sair na foto. Assim foram nas conquistas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Das situações mais constrangedoras, como postar ao lado de Garrastazu Médici, às mas hilárias, como as piruetas de Vampeta na rampa do Palácio do Planalto à época de Fernando Henrique.
A relação com a Ditadura Militar guarda também dois momentos, se não de tensão, de reflexão sobre a força de um governo sobre algo que deveria ser da alçada dos desportistas. Primeiro, a influência do Governo Federal no afastamento do técnico da seleção, João Saldanha, e sua substituição por Zagalo, em 1970. É verdade que Saldanha colaborou para isso, com uma implicância besta com Pelé, mas pesou muito mais seu posicionamento político e seu enfrentamento, inclusive ao Presidente da República: "O senhor escala seu ministério e eu escalo a Seleção".
Ainda nesse quesito, o questionamento que até hoje se faz sobre a postura de Pelé durante aquele momento difícil da vida nacional. A presença do Rei em eventos oficiais e seu silêncio político incomodou muito, inclusive a parceiros da Seleção, como o jogador Paulo César Cajú. Pelé se defende com o argumento que fazia muito mais pelo país com o que ele tinha se tornado do que se indispor com a ala radical das Forças Armadas e ter que interromper a carreira.
Como já disse, o caso mais emblemático dessa relação tênue e muitas vezes promíscua entre futebol e política no Brasil, certamente, foi a Democracia Corinthiana, nos anos 80, em plena Ditadura Militar.  Movimento que alcançou seu auge com as Diretas Já, em 1984, que teve a participação icônica de jogadores como Sócrates, Wladimir, Casa Grande e Zenon. Um divisor de águas, que se não deixou legado, fez escola.
O Presidente Jair Bolsonaro, como todos os Presidentes da República, sobretudo desde de Vargas, também têm se valido da mesma fórmula de usar o futebol como estratégia populista. Nesse particular, tem usado até mesmo camisas de diversos times de futebol nas mais variadas e inusitadas situações e também não perdeu a oportunidade de sair na foto na comemoração da conquista da Seleção Brasileira na Copa América de 2019.
Convicto disso, nosso maior mandatário não pestanejou, em nenhum momento, em atender a uma demanda da CONMEBOL e da CBF em sediar o torneio novamente no Brasil, depois da desistência de Colômbia e Argentina, em pleno auge da pandemia de COVID-19 no país. A reação foi imediata e dura, de vários setores da sociedade, e até o momento do encerramento dessa matéria, estava sob judice no Supremo Tribunal Federal.
Até a capacidade do Técnico Tite, com seis vitórias em seis jogos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, foi questionada pelos mais radicais. Para além disso, as denúncias contra o Presidente da CBF, afastado do cargo como desdobramento de todo esse imbróglio. Aliás, a história administrativa da entidade, envolvendo seus últimos presidentes, é mais um caldo nessa relação vexatória porque passa a nação e seu principal esporte de há muito tempo, sem perspectivas de melhores dias. É 7 x 1 atrás de 7 x 1. 

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

A decisão dos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, anunciada na última terça-feira, de que jogariam a Copa América sob protesto se não foi de todo algo espetacular ou mesmo radical, não deixou de ser histórica. A história do Brasil tem mostrado que o futebol, via de regra, ou foi omisso ou condescendente com as manobras de governos e regimes, sejam eles democráticos ou autoritários. Exceção feita à Democracia Corinthiana, movimento autêntico, original e marcante, sem precedentes e insuperável até a presente data.
A popularização do futebol do país deu-se a partir da primeira passagem de Getúlio Vargas pela Presidência da República. Estrategista, ele usava o São Januário como palco para as manifestações de populismo. Depois, com a era do Maracanã, inaugurado em 1950, mesmo com a dolorosa derrota para o Uruguai numa final de Copa do Mundo, fez do futebol uma paixão, para não dizer, uma febre nacional.
Doravante, não havia político que não quisesse levar algum tipo de vantagem com o esporte mais amado dos brasileiros até hoje. Finais de torneios importantes, jogos decisivos, entregas de troféu. Todos querendo sair na foto. Assim foram nas conquistas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Das situações mais constrangedoras, como postar ao lado de Garrastazu Médici, às mas hilárias, como as piruetas de Vampeta na rampa do Palácio do Planalto à época de Fernando Henrique.
A relação com a Ditadura Militar guarda também dois momentos, se não de tensão, de reflexão sobre a força de um governo sobre algo que deveria ser da alçada dos desportistas. Primeiro, a influência do Governo Federal no afastamento do técnico da seleção, João Saldanha, e sua substituição por Zagalo, em 1970. É verdade que Saldanha colaborou para isso, com uma implicância besta com Pelé, mas pesou muito mais seu posicionamento político e seu enfrentamento, inclusive ao Presidente da República: "O senhor escala seu ministério e eu escalo a Seleção".
Ainda nesse quesito, o questionamento que até hoje se faz sobre a postura de Pelé durante aquele momento difícil da vida nacional. A presença do Rei em eventos oficiais e seu silêncio político incomodou muito, inclusive a parceiros da Seleção, como o jogador Paulo César Cajú. Pelé se defende com o argumento que fazia muito mais pelo país com o que ele tinha se tornado do que se indispor com a ala radical das Forças Armadas e ter que interromper a carreira.
Como já disse, o caso mais emblemático dessa relação tênue e muitas vezes promíscua entre futebol e política no Brasil, certamente, foi a Democracia Corinthiana, nos anos 80, em plena Ditadura Militar.  Movimento que alcançou seu auge com as Diretas Já, em 1984, que teve a participação icônica de jogadores como Sócrates, Wladimir, Casa Grande e Zenon. Um divisor de águas, que se não deixou legado, fez escola.
O Presidente Jair Bolsonaro, como todos os Presidentes da República, sobretudo desde de Vargas, também têm se valido da mesma fórmula de usar o futebol como estratégia populista. Nesse particular, tem usado até mesmo camisas de diversos times de futebol nas mais variadas e inusitadas situações e também não perdeu a oportunidade de sair na foto na comemoração da conquista da Seleção Brasileira na Copa América de 2019.
Convicto disso, nosso maior mandatário não pestanejou, em nenhum momento, em atender a uma demanda da CONMEBOL e da CBF em sediar o torneio novamente no Brasil, depois da desistência de Colômbia e Argentina, em pleno auge da pandemia de COVID-19 no país. A reação foi imediata e dura, de vários setores da sociedade, e até o momento do encerramento dessa matéria, estava sob judice no Supremo Tribunal Federal.
Até a capacidade do Técnico Tite, com seis vitórias em seis jogos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, foi questionada pelos mais radicais. Para além disso, as denúncias contra o Presidente da CBF, afastado do cargo como desdobramento de todo esse imbróglio. Aliás, a história administrativa da entidade, envolvendo seus últimos presidentes, é mais um caldo nessa relação vexatória porque passa a nação e seu principal esporte de há muito tempo, sem perspectivas de melhores dias. É 7 x 1 atrás de 7 x 1. 

 

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