Meias verdades, mentiras inteiras
Publicado em 18 de agosto de 2021
Por Jornal Do Dia
De acordo com a Polícia Federal, o projeto de poder do presidente Jair Bolsonaro passa pela fabricação e disseminação de fake news. Não se trata apenas da simples emissão de opiniões descoladas da realidade. Mas de administrar uma rede bem articulada, inspirada no exemplo da extrema direita mundo afora e, em particular, pelo trumpismo.
A Polícia Federal afirma que a rede de apoiadores de Jair Bolsonaro se vale de uma estratégia de comunicação utilizada nas eleições de 2016 nos EUA e creditada a Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump. Documento enviado ao Tribunal Superior Eleitoral detalha como os chamados "bolsomínions" são alimentados com mentiras e lorotas, uma cadeia muito eficiente, com grande capacidade de retroalimentação.
Não à toa, as suspeitas infundadas pelo presidente sobre a segurança das urnas eleitorais convenceram parte da população. A princípio, ataca-se a credibilidade das fontes tradicionais de informação. Depois se dá a ampla divulgação de meias verdades e mentiras inteiras.
"Quanto mais polêmica e afrontosa às instituições for a mensagem, maior o impacto no número de visualizações e doações, reverberando na quantidade de canais e no alcance do maior número de pessoas, aumentando a polarização e gerando instabilidade por alimentar a suspeição do processo eleitoral, ao mesmo tempo que promove a antecipação da campanha de 2022", afirma a PF.
Como se vê, o inquérito dos atos anti democráticos amparados em fake news, em curso no Supremo Tribunal Federal, tem potencial para alcançar muita gente grande. A maior mentira, entretanto, é a confusão deliberada entre a produção e a divulgação de notícia falsa com a liberdade de expressão.