Jogo torturante III
Publicado em 14 de setembro de 2021
Por Jornal Do Dia
Jean-François Paul de Gondi, Cardeal de Retz, França, dizia que "quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito"
* Cleiber Vieira
Não há jogo limpo em política. O político faz um acordo num dia para trair no outro, é da sua índole. A maioria é oportunista, aproveitadora, destruidora de princípios e de normas, tira proveito de todos e de tudo. Merece a mesma confiança dada à raposa, ou seja, nenhuma!
Vergonha, no mundo político, já não há! Desapareceu, ocultou-se envolvida pelo negro manto da corrupção. Afundou no mar de lama onde chafurdam os porcos da política nacional. Ao olhar-se no espelho, o que o político vê? Ele vê a cara repugnante da corrupção exercida no seu dia a dia vergonhoso de asco e de nojo; e muitos já não se olham. A esses, nosso desprezo! Não merecem consideração da sociedade.
Jean-François Paul de Gondi, Cardeal de Retz, França, dizia que "quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito". Esses maus políticos nos envergonham ao apresentar-se de terno e gravata como gestores dos interesses da sociedade e da coisa pública aparentando serem seguidores de princípios, de regras morais e de leis, mas agem contrariamente a isso. Tudo máscara, tudo falso! O que há neles é "puro" interesse particular. "Carregam" a política abaixo da consciência – quando a têm. São os judas dos dias de hoje: abraçam, beijam e logo vendem-se, traindo os eleitores. Vendem o mandato e mandam o povo às favas! São vis politicantes, pestes a carcomerem os cofres públicos, ratos a corroerem o Estado. Fazem o jogo da intriga, da inveja e da usura devoradora dos interesses do povo, asquerosa lepra a atacar a sociedade. Cheiram mal! Trazem consigo tudo de ruim que a traição proporciona: roubo, avareza, mentira e ódio. Seu olhar não tem luz, é opaco. Sua palavra é escorregadia, cheia de armadilhas. Não sabem que estão equivocados, mostram um sorriso amarelo e permanentemente escondem emoções inconfessáveis. Afirmam que o estado de direito é inegociável quando, na realidade, já o venderam. São lobos em pele de cordeiro e nos apartam e nos devoram como ovelhas cansadas. E, por não punirmos os seus crimes, temos contribuído para a propagação de suas maldades. Quase todo são canalhas…
* Cleiber Vieira, presidente da Associação Sergipana de Imprensa.