Aracaju para todos
Publicado em 23 de setembro de 2021
Por Jornal Do Dia
Sem participação popular, a redação do Plano Diretor tende a virar uma peça de burocracia, sem o poten cial de produzir efeitos concretos na realidade de Aracaju. Felizmente, os moradores do bairro Santos Dumont, onde foi realizada a primeira audiência promovida pelo poder público municipal, atendeu ao convite para opinar sobre o futuro da capital sergipana. Da exposição de suas carências e necessidades pode surgir, finalmente, uma cidade para todos.
Os investimentos públicos tendem a ser concentrados em torrões privilegiados do tecido urbano, onde costumam chamar a atenção de maior número de pessoas. A estratégia atende à lógica das disputas eleitorais. Embora a atual administração demonstre sensibilidade social e olhe também para a periferia de Aracaju, somente a efetiva participação do povo, apontando novas prioridades, pode mudar para melhor as feições de Aracaju.
A revisão do Plano Diretor de Aracaju é urgente. O que está em vigor data de duas décadas passadas. Não é à toa, portanto, que o desenvolvimento urbano de Aracaju peca por falta de organização, como atesta a carência de moradias populares. Longe dos cartões postais, no entanto, também vivem cidadãos em pleno gozo de todos os direitos, a despeito do crescimento desordenado da cidade.
A elaboração do Plano Diretor, convém evitar qualquer propensão ao romantismo, mexe com muitos interesses. Trata-se aqui de um documento com poder de Lei, que distribui responsabilidades e interfere diretamente no ordenamento urbano e ocupação do solo, por exemplo. Interessa não apenas a grandes construtoras, portanto, mas a todos quantos construíram a própria vida sobre o chão de Aracaju.