FILHO DA NATUREZA, CRIADO AO SOL – 170 ANOS DE SÍLVIO ROMERO
Publicado em 02 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Na última quinta-feira, 30, no Memorial do Poder Judiciário de Sergipe, localizado na Praça Olímpio Campos, 417, Centro de Aracaju, foi realizada mais uma edição da Quinta Juris Cultural. Na ocasião, o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, o Desembargador Dr. Édson Ulisses de Melo, abriu a exposição em homenagem ao intelectual Sílvio Romero, no ano em que ele completaria 170 de nascimento.
Sob a coordenação da professora Sayonara Viana, Diretora do Memorial do Poder Judiciário de Sergipe, a solenidade contou ainda com a inauguração do busto de Sílvio Romero, do lançamento do Hotsite sobre a vida do homenageado, bem como de um Videodocumentário ao seu respeito e da apresentação do Reisado Baile Estrela de Dona Bizu, da cidade de Japaratuba-SE.
Esta última citação faz jus a uma parte importante da obra e do legado de Sílvio Romero que foi um entusiasta e estudioso da cultura popular, garantindo-lhe um lugar ao sol, sobretudo numa época de cientificismo e notoriedades intelectuais guiadas pela eugenia, pelo racionalismo, entre outras teorias das quais o próprio autor era conhecedor e cultor.
A propósito do título dado à exposição e da presente crônica também, quero destacar a felicidade de quem o concebeu. Muito justo e bastante apropriado, considerando as origens de Sílvio Romero, natural da cidade de Lagarto, no dia 21 de abril de 1851, tendo se criado ao sol das terras de Nossa Senhora da Piedade nos seus primeiros anos de vida, exilando-se para estudar e destacar-se entre os maiores nomes da intelectualidade brasileira.
Nas memórias de Sílvio Romero nunca lhe saíram aqueles tempos de sua vila sertaneja, como chamava carinhosamente sua terra natal. Ao contrário do que afirma um número insignificante de críticos, ele amava sim Lagarto e já fez várias menções elogiosas e saudosas ao torrão que lhe viu nascer e crescer. Homem do campo, criado na lida rural, Romero herdou e propagou a gana do povo lagartense, bem como a sua inteligência e criatividade, em particular, a criatividade do povo simples, de suas manifestações mais espontâneas e puras, não no sentido racial, mas na sua acepção bucólica.
Impossibilitado de comparecer à solenidade, no dia seguinte, eu estive presente ao Memorial do Poder Judiciário de Sergipe para conferir de perto todo o material cuidadosamente preparado para as comemorações dos 170 de nascimento de Silvio Romero. Particularmente, fiquei muito impressionado com o que vi, porém, não fiquei surpreso dado que já conheço de há algum tempo o trabalho dedicado e valoroso de Sayonara Viana, desde de sua passagem pelo Museu de Arte Sacra de São Cristóvão-SE.
Como conterrâneo e admirador da obra de Sílvio Romero, posso assegurar da importância dessa efeméride, sobretudo numa época em que o cuidado com sua memória tem deixado a desejar pelo Governo de Sergipe no que diz respeito à urgente reforma e restauração do Grupo Escolar que leva seu nome em Lagarto. Que o Governador Belivaldo Chagas possa, enfim, se espelhar no exemplo do confrade Dr. Édson Ulisses de Melo e legar à Romero o que o tempo lhe dedica e o que ele merece. Por tabela, nós os lagartenses, também.