Segunda, 20 De Janeiro De 2025
       
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BATATINHA FRITA 1, 2, 3: UMA BRINCADEIRA MORTAL


Publicado em 16 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia


 

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
O que você seria capaz de fazer para ganhar uma grande soma de dinheiro? Qual o limite da sua ética? Que valores estão realmente acima da ganância? O que vale mais: o dinheiro ou a sua dignidade? Pode a riqueza ditar seu caráter? Os fins realmente justificam os meios? Essas e outras perguntas estão entre inúmeras que podem ser feitas diante do mais novo sucesso da TV e coloca em xeque não somente nossas vidas, mas também como lidamos com a realidade.
Depois do grande apelo popular de "La Casa de Papel" e "Missa da Meia Noite", a NETFLIX lançou este ano uma série sul-coreana que tem sido alvo das mais variadas opiniões e porque não dizer, controvérsias também. A primeira eu não tive entusiasmo para vê. A segunda, me surpreendeu e consegui ir até seu último episódio. Mas, nada se compara a "Round 6" ou "Batatinha Frita 1, 2, 3". Confesso que resisti a assistir no início, mas depois de ouvir alguns amigos, me rendi e cheguei a acompanhar numa só noite quatro dos oito episódios seguidos.
Antes de mais nada, quero advertir aos pais que não é coisa para criança. Há que se ter limites. Apesar de ter visto coisas na minha infância que não eram apropriadas para a minha idade, como "Gabriela Cravo e Canela", ou mesmo "O Exorcista", não aconselho que deixem nossos filhos embarcarem nessa distorção de que "Round 6" venha atraindo a atenção do público infantil. Há crianças e crianças e cada uma reage de uma maneira, pois dependerá muito da sua criação e de sua maturidade psicológica. Portanto, pais: tirem seus filhos da sala, se quiserem acompanhar a série.
Outra coisa, e aqui vou também contrariar a visão distorcida, míope e tendenciosa, para não dizer burra, do jovem deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) que compara à série ao socialismo. Menos, caríssimo! A comparação mais exata deve ser feita ao capitalismo ou liberalismo que o senhor tanto defende. No caso de "Round 6", ao capitalismo mais perverso, no estilo Paulo Guedes, por exemplo, que deixa à mercê inúmeras pessoas, enterradas em dívidas ou reféns de credores ou agiotadas, ou ainda, iludidas com as artimanhas do mercado financeiro. Para não dizer dos pobres cada vez mais pobres ou até mesmo daquelas pessoas desassistidas de tudo, inclusive de saúde mental.
Estes são alguns dos biotipos dos personagens da série "Round 6", a exemplo do protagonista, Gi-hun. Interpretado por Lee Jung-jae, modelo e ator sul-coreano, trata-se de um sujeito que tem sua vida revirada ao receber e participar de um jogo mortal misterioso baseado em brincadeiras infantis, não somente da Coréia do Sul, mas algumas conhecidas em várias partes do país. Gi-hun mora com a mãe, é separado e pai de uma menina; vive de forma quase indigente, devendo a gangues e às voltas com subempregos e o vício do álcool. Ainda assim, traz em seu íntimo princípios primordiais e caros, como o de jamais tirar a vida de outra pessoa, amparar o idoso na sua velhice, proteger e cuidar dos mais fracos e não trapacear para se dar bem.
A pobreza e o desespero o colocaram em uma situação de vida ou morte. Durante os jogos mortais de "Round 6", ele foi capaz de estabelecer laços de fraternidade, amizade, coletividade, amor ao próximo, gentileza, empatia, entres outros. Enquanto os demais participantes iam revelando seu verdadeiro eu, potencializado pelo medo de morrer, de voltar às suas vidas miseráreis, de ganhar a grande bolada em dinheiro da competição, entre outros fatores notadamente motivados pela ganância e pela pobreza mais extrema.
"Rounde 6" coloca de vez o oriente no centro das atenções da indústria cinematográfica, apesar do preconceito ainda em voga diante dos chamados enlatados norte-americanos e europeus. Coloca-nos em posição de reflexão diante do mundo em que vivemos e dos valores que cultivamos. Da necessidade de revermos conceitos e atitudes, encararmos a realidade de frente e compreendermos de uma vez por todas que somente a solidariedade e o amor ao próximo serão capazes de mudar o mundo, transformando-o numa grande aldeia global e humanista, onde nem o capitalismo e o socialismo definam quem somos ou o que devemos fazer.

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

O que você seria capaz de fazer para ganhar uma grande soma de dinheiro? Qual o limite da sua ética? Que valores estão realmente acima da ganância? O que vale mais: o dinheiro ou a sua dignidade? Pode a riqueza ditar seu caráter? Os fins realmente justificam os meios? Essas e outras perguntas estão entre inúmeras que podem ser feitas diante do mais novo sucesso da TV e coloca em xeque não somente nossas vidas, mas também como lidamos com a realidade.
Depois do grande apelo popular de "La Casa de Papel" e "Missa da Meia Noite", a NETFLIX lançou este ano uma série sul-coreana que tem sido alvo das mais variadas opiniões e porque não dizer, controvérsias também. A primeira eu não tive entusiasmo para vê. A segunda, me surpreendeu e consegui ir até seu último episódio. Mas, nada se compara a "Round 6" ou "Batatinha Frita 1, 2, 3". Confesso que resisti a assistir no início, mas depois de ouvir alguns amigos, me rendi e cheguei a acompanhar numa só noite quatro dos oito episódios seguidos.
Antes de mais nada, quero advertir aos pais que não é coisa para criança. Há que se ter limites. Apesar de ter visto coisas na minha infância que não eram apropriadas para a minha idade, como "Gabriela Cravo e Canela", ou mesmo "O Exorcista", não aconselho que deixem nossos filhos embarcarem nessa distorção de que "Round 6" venha atraindo a atenção do público infantil. Há crianças e crianças e cada uma reage de uma maneira, pois dependerá muito da sua criação e de sua maturidade psicológica. Portanto, pais: tirem seus filhos da sala, se quiserem acompanhar a série.
Outra coisa, e aqui vou também contrariar a visão distorcida, míope e tendenciosa, para não dizer burra, do jovem deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) que compara à série ao socialismo. Menos, caríssimo! A comparação mais exata deve ser feita ao capitalismo ou liberalismo que o senhor tanto defende. No caso de "Round 6", ao capitalismo mais perverso, no estilo Paulo Guedes, por exemplo, que deixa à mercê inúmeras pessoas, enterradas em dívidas ou reféns de credores ou agiotadas, ou ainda, iludidas com as artimanhas do mercado financeiro. Para não dizer dos pobres cada vez mais pobres ou até mesmo daquelas pessoas desassistidas de tudo, inclusive de saúde mental.
Estes são alguns dos biotipos dos personagens da série "Round 6", a exemplo do protagonista, Gi-hun. Interpretado por Lee Jung-jae, modelo e ator sul-coreano, trata-se de um sujeito que tem sua vida revirada ao receber e participar de um jogo mortal misterioso baseado em brincadeiras infantis, não somente da Coréia do Sul, mas algumas conhecidas em várias partes do país. Gi-hun mora com a mãe, é separado e pai de uma menina; vive de forma quase indigente, devendo a gangues e às voltas com subempregos e o vício do álcool. Ainda assim, traz em seu íntimo princípios primordiais e caros, como o de jamais tirar a vida de outra pessoa, amparar o idoso na sua velhice, proteger e cuidar dos mais fracos e não trapacear para se dar bem.
A pobreza e o desespero o colocaram em uma situação de vida ou morte. Durante os jogos mortais de "Round 6", ele foi capaz de estabelecer laços de fraternidade, amizade, coletividade, amor ao próximo, gentileza, empatia, entres outros. Enquanto os demais participantes iam revelando seu verdadeiro eu, potencializado pelo medo de morrer, de voltar às suas vidas miseráreis, de ganhar a grande bolada em dinheiro da competição, entre outros fatores notadamente motivados pela ganância e pela pobreza mais extrema.
"Rounde 6" coloca de vez o oriente no centro das atenções da indústria cinematográfica, apesar do preconceito ainda em voga diante dos chamados enlatados norte-americanos e europeus. Coloca-nos em posição de reflexão diante do mundo em que vivemos e dos valores que cultivamos. Da necessidade de revermos conceitos e atitudes, encararmos a realidade de frente e compreendermos de uma vez por todas que somente a solidariedade e o amor ao próximo serão capazes de mudar o mundo, transformando-o numa grande aldeia global e humanista, onde nem o capitalismo e o socialismo definam quem somos ou o que devemos fazer.

 

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