Na bomba
Publicado em 16 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia
Os combustíveis derivados do petróleo jamais estive ram tão caros. O dólar, por sua vez, nunca esteve tão alto. Não se trata aqui de uma coincidência. Jair Bolsonaro parece não ter se dado conta da evidente relação de causa e consequência estabelecida entre os dois fatos.
Se o preço da gasolina continua a subir a um ritmo muito além do razoável, por exemplo, melhor se desfazer logo da Petrobras.
Por vezes, no entanto, ideias infelizes também colam. Cumprindo agenda em Washington, Paulo Guedes faz coro ao privatismo e se dispôs a vender as ações da Petrobras, a fim de distribuir recursos entre os brasileiros mais pobres. À frente da política econômica do governo federal, espera-se que ele saiba, ao menos, fazer conta.
Trata-se de matemática básica: Atualmente, a estatal tem um valor de mercado de R$ 391,5 bilhões e um volume de mais de 13 bilhões de ações emitidas. Segundo a composição acionária, o governo federal tem nas mãos 36,75% dos papéis da Petrobras, o que equivale a 4,79 bilhões de ações. Tendo como base o valor do fechamento da sessão no dia 14 de outubro, se o governo vendesse todas as ações que detém na empresa, arrecadaria R$ 144,23 bilhões. Este valor derivaria da venda de papéis PETR3 (ações ordinárias) e PETR4 (ações preferenciais).
Com R$ 144 bilhões em caixa, seria possível ajudar financeiramente 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza por 12 meses, com um auxílio mensal de R$ 890,30. Ou então, 52 milhões de pessoas em situação de pobreza com R$ 231,13 por mês.
Aqui, convém advertir que o número de brasileiros em situação de pobreza e extrema pobreza está defasado, remete a 2019, quando o IBGE realizou o último levantamento. A razão já foi apontada: Falta apreço pela realidade no Brasil de Bolsonaro.