**PUBLICIDADE
Publicidade

BELCHIOR 75 – A FELICIDADE É UMA ARMA QUENTE


Publicado em 30 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia


Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Há canções que são como trilhas sonoras de nossas vidas. Algumas, embora tenham marcado a adolescência, seguem fazendo sentido mesmo depois de eu haver cruzado a linha das quatro décadas de existência, prestes a fechar mais uma e alcançar, com a mercê de Deus, o meio século. Refiro-me, de modo particular, a “Comentário a Respeito de John”, uma das poucas canções que sei tocar ao violão. Com acordes simples, mas com uma mensagem clara, direta e assertiva, sobretudo a passagem que diz: “Saia do meu caminho / Eu prefiro andar sozinho / Deixem que eu decida / A minha vida…”.

E foi dessa maneira que Belchior passou a fazer parte de meu seleto e também eclético gosto musical. Lembro de ter sido um dos primeiros CD´s que adquiri para meu acervo. E jamais saiu da minha playlist, audiência obrigatória de todos finais de semana e dos encontros com a família e com os amigos. “Comentário a Respeito de John” também vai ao encontro de outra paixão musical que cultivo desde os 12 anos: Beatles.

Ainda nessa canção, outro verso é especial e forte em sua construção musical e poética: “A felicidade é uma arma quente”. Para alguns, uma espécie de premonição de Belchior e José Luiz Penna ao assassinato de John Lennon, no dia 8 de dezembro de 1980. “Comentário a Respeito de John” é de 1979, do disco “Era Uma Vez Um Homem e Seu Tempo”. Entretanto, para Thiago Gonzaga (2019), trata-se de “(…) alusão à vontade de Lennon, de deixar a banda e seguir a vida com Yoko Ono”.

Natural de Sobral-CE, aos 26 dias do mês de outubro de 1946, se vivo estivesse Antônio Carlos Belchior faria 75 anos. Com grandes composições e sucessos por ele interpretados e por outros artistas de renome nacional, a exemplo de Elis Regina em “Como nossos pais”, tornou-se particularmente célebre por um daqueles hits marcantes e atemporais como “Medo de Avião”. Estourou nos anos 70 e nunca mais saiu das paradas.

Para além de “Medo de Avião”, emplacou “Mucuripe”, também interpretada por Elis; “Alucinação”; “Velha Roupa Colorida”; “Falso Brilhante”; “Apenas um rapaz latino-americano”; “Paralelas”; “Divina Comédia Humana”; “A Palo Seco”; “Fotografia 3 x 4”; “Coração Selvagem”; “Tudo outra vez”; “Sujeito de sorte”; “Todo sujo de batom”; só para citar as mais executadas até a presente data.

Controvertido e controverso, Belchior marcou profundamente a cultura brasileira e deixou um legado incalculável. Dono de uma voz e de um talento todo particular, inspirou a muitos e suas canções estão presentes até hoje na vida cotidiana, nos rádios, redes sociais e plataformas. Impossível não as ouvir, por exemplo, em barzinhos e grandes eventos, onde é homenageado.

Seu final de vida foi envolto em mistérios, boatos e contradições, especialmente a partir de 2006. Abandonou a carreira artística, enfrentou problemas familiares e judiciais, às voltas com sumiços, viagens para o exterior, dado como morto algumas vezes ou mesmo desaparecido e uma infinidade de outras coisas. Boa parte delas seriam consideradas hoje “fake News”.

Ao fim ao cabo, ele morreu aos 70 anos, no dia 30 de abril de 2017, na cidade de Santa Cruz do Sul-RG, vítima de uma ruptura de um aneurisma da aorta. Belchior ainda é sinônimo de juventude e rebeldia. Meu filho, com 15 anos de idade, curte suas canções e as comenta comigo algumas vezes. O cantor cearense fez parte de uma leva talentosa de migrantes nordestinos que “invadiram” o Rio de Janeiro e São Paulo e fizeram uma revolução qualitativa na Música Popular Brasileira.

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade