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O desafio de alimentar a população mundial
Publicado em 29 de outubro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), existem cerca de oito bilhões de pessoas no planeta para serem alimentadas. E isto é um grande desafio, especialmente pela existência permanente de conflitos, doenças, desigualdades, mudanças climáticas e uma crescente nos preços dos alimentos e combustíveis, afetando portanto, a segurança alimentar, além disso, existe uma grande dificuldade de acesso a alimentos nutritivos para as populações mais carentes.
Diante deste cenário, indago, qual o futuro que teremos para as novas gerações e se conseguiremos manter a trajetória de prosperidade que é buscada pela sociedade?
Entendo ser necessário a construção de planos que possam efetivamente implementar sistemas alimentares sustentáveis. Sabe-se que muitos governos estão comprometidos com esta premissa, porém está cada vez mais presente a perda de biodiversidade, a afetação do clima e outros fatores, como a poluição que atrapalham a implementação de sistemas alimentares mais eficientes.
Um avanço nesta linha, em minha opinião, foi a realização recente do Fórum Mundial da Alimentação, que teve os jovens como os impulsionadores. Foi um evento na sede da FAO em Roma – Itália, que ao longo de cinco dias, propiciou diálogos, networking e apresentação de ideias de investimentos para enfrentar a crescente crise alimentar mundial, com atividades em que trocaram ideias sobre ciência e soluções baseadas em inovação para a segurança alimentar e mitigação das mudanças climáticas, e os vínculos entre dietas saudáveis e um planeta saudável.
No encerramento do evento, o Dr. QU Dongyu, Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), disse: “Estou impressionado pelas muitas maneiras pelas quais a política, a ciência, a tecnologia, a inovação e o investimento convergiram para impulsionar as ações de que precisamos para um futuro alimentar melhor.” E acrescentou: “Sempre espero que o futuro seja mais brilhante!”
O Fórum contou com a presença de líderes mundiais, cientistas e inovadores renomados, artistas famosos e líderes culturais, participantes de competições de pesquisa e negócios inovadores, jovens agricultores, investidores e muitos outros, que se uniram para buscar soluções para os desafios globais enfrentados pela fome, nutrição e sistemas agroalimentares.
Um fato relevante anunciado no referido Fórum, foi o anúncio que, junto com seu parceiro Movimento Gastronomia Social, realizou uma campanha de ação juvenil no mês anterior à sua celebração, trabalhando com organizações de todo o mundo para distribuir 4 milhões de refeições a pessoas carentes e economizar 130.000 kg em desperdício de alimentos.
Outras ações para o desafio de alimentar de forma digna e adequada a humanidade estão em ação, a exemplo dos esforços para consolidar e promover fontes alternativas de fertilizantes e buscar novas tecnologias para tornar a nutrição do solo e das plantas mais baratas, limpas e eficientes. Além disso, entende-se que as inovações no manejo de nutrientes do solo e das plantas, podem garantir que os solos do mundo possam alimentar uma população crescente sem prejudicar o planeta.
E neste sentido, tem-se um elemento que não podemos descuidar, trata-se do solo. Sabe-se que o solo é um ingrediente essencial do cultivo de alimentos e um componente fundamental do sistema agroalimentar. A segurança alimentar presente e futura depende da capacidade de aumentar os rendimentos e a qualidade dos alimentos, melhorando a fertilidade do solo e a nutrição das plantas.
O estado de fertilidade do solo diminui devido a vários fatores, como erosão do solo, desequilíbrios de nutrientes e salinidade, entre outros fatores de degradação do solo, bem como devido a práticas insustentáveis de manejo de nutrientes. E as informações recentes colhidas na FAO apontam que o solo superficial, o mais fértil, está sendo perdido como resultado de vários fatores, incluindo a agricultura insustentável. A estimativa é de que 24 bilhões de toneladas de solo fértil são perdidas anualmente, devido à erosão.
Isso ocorre em um contexto caracterizado pelo aumento da população mundial que deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas até 2050, pela competição por recursos terrestres e hídricos e pelos efeitos das mudanças climáticas. Portanto o desafio de alimentar esta crescente população é cada vez mais difícil.
Assim, entende-se que diversas ações devem ser continuadas no campo da ciência, tecnologia e inovação para que seja possível aumentar a produtividade agrícola em várias regiões do mundo.
Citarei adiante algumas ações que fazem parte do rol: sistemas de produção agrícola que aumentam a fertilidade e a saúde do solo; sistemas de irrigação que fazem uso mais eficaz de quantidades limitadas de água e plantio de culturas alimentares que requerem menos água e/ou variedades melhoradas que fazem uso mais eficiente da água disponível; práticas agronômicas eficazes que incluem datas ótimas de plantio, bem como densidade de plantio; variedades agrícolas melhoradas que produzem mais e respondem mais adequadamente às melhores práticas de gestão; diversificação de culturas para melhorar a estabilidade do rendimento e a segurança nutricional.
A perspectiva é a de que com estas estratégias, existe uma margem significativa para expandir diversas culturas e aumentar a produtividade dos sistemas agroalimentares. Mas isso, requer uma combinação de intervenções científicas, tecnológicas e inovadoras que se adaptem à situação ecológica, econômica e social dos pequenos agricultores e sejam desenvolvidas em colaboração com eles.
Dessa forma, imagino que a saga de alimentar a crescente população mundial ainda continua desafiante, porém existem soluções que podem mitigar os impactos dessa situação, mas cada um de nós pode contribuir para que tenhamos uma população com uma alimentação mais adequada em suficiência de nutrientes.