Fome de bola

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br – 

O amigo Djenal pretende torrar os cobres numa televisão de não sei quantas polegadas, a fim de acompanhar as partidas da seleção brasileira junto aos comensais que frequentam A Casa do Mangue. Ele certo. A Fifa promove a Copa do Mundo. Nesse período, a fome maior é de bola.
Brasileiro, igual a Pelé, jamais fui amigo da pelota. Gosto da zuação de vascaínos e flamenguistas nas redes sociais; não fico indiferente à energia e os batuques da Trovão Azul nas raras oportunidades quando vouao Batistão. Mas sou um perna de pau. Ao longo da vida, só fiz gol contra.
Morro de inveja dos craques que podem ler as crônicas futebolísticas de Nelson Rodrigues e Eduardo Galeano munidos da mesma paixão que conduziu a pena destes autores. Em matéria de futebol, sou um leitor triste, desprovido de nervos. Para mim, a guerra travada em campo não evoca lembranças felizes ou dolorosas, não gera grandes expectativas, nem pequenas. Ganhar ou perder resulta indiferente.
E, no entanto… Num pedaço muito atrasado do planeta, disputa-se a Copa. Lá, em latitude de liberdade rarefeita, a bola rola sob os olhos do mundo todo. Na Praia Formosa, no boteco de Paulo Preto, não se fala em outra coisa. Eu peço uma cerveja, a fim de fazer hora e evitar o congestionamento. Após dois goles, sou diplomado na matéria. Sento à mesa na condição de ignorante completo, levanto como um técnico de larga experiência, um especialista.
Hoje, 24 de novembro, às 16 horas, o Brasil entra em campo para enfrentar a Sérvia. Estrategista formado em Paulo Preto, prevejo uma partida mais ou menos fácil, a depender exclusivamente do apetite dos jogadores brasileiros pela gorduchinha. É com tal sorte de generalidades que comentarei o jogo com Djenal, este sim um torcedor de verdade – resguardadopela autoridadeinquestionável de quem não acompanha uma partida completa desde a última Copa.