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Catadores de caranguejo se organizam


Publicado em 24 de dezembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


“Está na nossa pauta fazer um levantamento para saber qual é o real tamanho deste universo. E o próximo objetivo é oferecer cursos para nossos jovens, porque somos capazes de ocupar outros espaços além dos manguezais”, diz Thiago.

Eles são trabalhadores invisíveis que formam uma importante parte da cultura brasileira, movimentam a economia, mas têm suas vozes sufocadas pela lama dos manguezais. São os catadores de caranguejo, o crustáceo que é o maior símbolo da culinária sergipana. Em novembro, eles iniciaram uma nova etapa da luta pela visibilidade da cultura de catar caranguejo no estado. No início do ano, o Instituto de Desenvolvimento Social dos Catadores de Caranguejo de Sergipe (IDESOCS) – que já atuava informalmente há cinco anos e é a primeira instituição voltada para este principal público-alvo -, foi selecionado pelo Instituto Phi, para ganhar, de forma gratuita, o processo de formalização.
O trabalho do IDESOCS e algumas histórias de luta dos seus integrantes ajudaram na escolha. Entre os exemplos, está Thiago Góis, de 26 anos, jovem negro e periférico de São Cristóvão, cidade histórica que tornou o caranguejo, o patrimônio imaterial de Sergipe, filho de uma marisqueira e um taxista, foi o primeiro de sua família a ingressar em uma universidade. Iniciando o curso de Serviço Social na Universidade Federal de Sergipe, em 2017, ele criou o projeto Projeto Às Margens do Rio – PROMAR, o primeiro do instituto na busca de valorização do catador de caranguejo para a economia do estado.
“No início, foi difícil, os próprios catadores não acreditavam no potencial do projeto, mas com o tempo, ganhamos força, começamos a trabalhar em rede com outras ONGs, como a CUFA Sergipe e o União Brasil, buscando chegar a essas populações tradicionais para levar alimentos na pandemia. Nesse processo, começamos a enfrentar dificuldades porque não éramos formalizados, até pelo alto custo da formalização. Foi quando a presidente da CUFA nos enviou o post de chamada do Instituto Phi”, conta Thiago.
“A primeira lição que tiramos disso tudo é de que é preciso ter profissionais com expertise para esse processo. E mais que isso, o Phi tem sido uma família. A formalização está fazendo com que a gente ganhe força nessa busca da nossa realidade social para embasar políticas públicas. Também já estamos fazendo busca ativa de editais que possamos participar”, ressalta o jovem.
O IDESOCS acaba de lançar o documentário “A cultura do invisível” e se prepara para lançar o livro “Mãe Maré”, além de uma exposição fotográfica. O objetivo é aumentar a representatividade das comunidades de catadores, conferindo maior valor agregado ao produto para incrementar a renda dos trabalhadores. Atualmente, 300 famílias são beneficiadas com cestas básicas e vale-gás.
“Está na nossa pauta fazer um levantamento para saber qual é o real tamanho deste universo. E o próximo objetivo é oferecer cursos para nossos jovens, porque somos capazes de ocupar outros espaços além dos manguezais”, diz Thiago.

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