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Com líderes ausentes, PT terá uma temporada difícil no estado
Publicado em 21 de janeiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Quando foi eleito senador em 2018, Rogério Carvalho (PT) assumiu naturalmente o posto de principal liderança do partido em Sergipe. O PT estava acéfalo desde a morte do ex-governador Marcelo Déda, ocupando pequenos espaços nos governos aliados.
Nessa mesma eleição, o PT apresentou o nome de Eliane Aquino, viúva de Déda, como candidata a vice-governadora na chapa liderada por Belivaldo Chagas (PSD). Eleitos, as diferenças começaram a aflorar, mesmo Belivaldo tendo sido vice no primeiro governo Déda.
Inicialmente, Belivaldo honrou os compromissos assumidos com o PT. Eliane comandava a área de Assistência Social e indicados pelo deputado federal João Daniel a pasta da Agricultura. Pouco tempo depois a Agricultura deixou de ser um ambiente do PT para ser entregue ao comando do ex-deputado André Moura (União).
Nas eleições municipais de 2020, o afastamento PT/PSD ficou mais evidente com a candidatura de Márcio Macêdo a prefeitura de Aracaju, desafiando o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), que disputava a reeleição com o apoio de todo o bloco aliado.
A fragorosa derrota de Márcio na capital não desanimou Rogério, que ampliou muito a sua base no interior do estado apoiando candidaturas a prefeito, a vice ou simplesmente incluindo o PT nas coligações em todos os municípios, já de olho de eleições de 2022.
No pleito passado, com a força de Lula, Rogério ganhou no primeiro turno, liderou todo o segundo turno, mas acabou perdendo para Fábio Mitidieri (PSD) com uma diferença de 40 mil votos, mais uma vez derrotado pelo eleitorado da capital.
A eleição do presidente Lula aliviou o ambiente entre os petistas sergipanos, mas acabou esvaziando ainda mais o partido no estado. Márcio Macêdo, que dava atenção a alguns municípios, virou ministro da Secretaria Geral da Presidência e, no máximo, se esforça para receber lideranças políticas do estado.
A convite do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, Eliane Aquino assumiu a Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (Senarc). É o órgão responsável por toda a gestão e operacionalização do principal programa de transferência de renda do Governo Federal, o programa Bolsa Família. Eliane voltou a morar em Brasília com toda a família e não parece ter mais planos na política sergipana, mesmo tendo obtido mais de 66 mil votos como candidata a deputada federal.
Rogério passou a se dedicar integralmente ao mandato de senador, e agora trabalha para ser o primeiro secretário do Senado na eleição que ocorre em primeiro de fevereiro. Está atrelado a chapa do atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que disputa a reeleição.
Caberá a João Daniel, presidente estadual do PT, cuidar sozinho da preparação do partido para as eleições municipais de 2024, sem muitas chances na maioria das cidades.
Enquanto isso, o governador Fábio Mitidieri nada de braçadas e, a partir de fevereiro, com o início dos trabalhos na Assembleia Legislativa terá uma bancada maior e mais forte do que tinha Belivaldo Chagas. No governo anterior, os deputados taxaram os aposentados em 14% para capitalizar a previdência social, arrocharam os salários dos servidores e aprovaram tudo o que propôs o então governador, a exemplo da elevação da alíquota de ICMS de 18% para 22%, isso em combinação com o atual governador.
A oposição elegeu seis dos 24 deputados estaduais, sendo que um deles – Samuel Carvalho (Cidadania) – já está informalmente na bancada governista. Linda Brasil (Psol) é independente, Chico do Correio (PT), Paulo Jr (PV) e Ibrain de Valmir (PV) foram eleitos sob as bênçãos de Rogério Carvalho e devem fazer uma oposição moderada. Mais uma vez, o deputado Georgeo Passos (Cidadania) deverá ser a única voz de oposição no legislativo.
O futuro do PT sergipano está totalmente atrelado ao desempenho do governo federal. Poderá até ter êxito nas eleições de 2024, mas para isso tem que buscar novos quadros e fortalecer os diretórios municipais.
Precisa de líderes presentes e comprometidos, não apenas quando estão participando diretamente das eleições.