13 anos de saudade
Uma vez, um verão
Publicado em 08 de fevereiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Anos atrás, o guitarrista Alexandre Gomes(aka Marreta) abriu uma janela para a nostalgia, sob o pretexto de celebrar um aniversário da da já extinta banda Cabedal. “O lançamento aconteceu no Cultiva e caiu mó toró na madrugada. Também tocaram a NaurÊa e Plástico lunar. O disco deu uma visibilidade massa pra banda, depois disso fizemos uns shows muito bons. Fica aqui minha saudação e meu saudosismo”.
Lembrete oportuno, ainda agora, quando a prefeitura de Aracaju mais o governo de Sergipe rendem aleluias ao verão, após longo hiato imposto pela pandemia. Há mais ou menos dez anos, a Cabedal fez a festa no palco erguido pelo poder público – justificando com entusiasmo o investimento realizado na gingado de nossa gente.
A Cabedal bem o merece. Embora não tenha vingado em uma discografia mais volumosa, a reunião dos músicos que integravam o conjunto foi celebrada também em cada uma das aparições da banda com uma alegria sintomática. Em cada acorde, um sorriso de corpo inteiro. A praia de Atalaia é testemunha.
A grande surpresa do Projeto Verão 2010 – Meia dúzia de gatos pingados, quinhentas pessoas e não mais do que isso, acompanharam aquela que talvez tenha sido a melhor apresentação do Projeto Verão 2010. Apoiada em um juízo de valor, a eleição pode ser, naturalmente, contestada por terceiros, ansiosos para transformar a tietagem mais rasteira num parâmetro aceitável de avaliação. Importa, no entanto, discriminar as razões que fizeram da aparição da banda Cabedal na praia de Atalaia um acontecimento especial.
Em pouco mais de uma hora, os caras provaram o que qualquer conhecedor da cena está cansado de saber. A Cabedal era a maior promessa da música sergipana daqueles dias. Com um empurrãozinho, aquela ajuda que não custa nada a ninguém, responsabilidade das esferas da administração pública criadas com o intuito de desenvolver o potencial cultural do lugar, os meninos chegariam longe.
De acordo com os organizadores do Festival Grito daquele ano, realizado no fim de semana anterior, em Recife, capital cultural do Nordeste, por exemplo, “não foi fácil lapidar as mais de 200 inscrições que recebemos até conseguirmos definir 22 bandas que vão preencher os 4 dias do evento”. A Cabedal foi selecionada. Ponto pro cacique.
Nos shows da banda, as composições calcadas no que existe de melhor na tradição musical brasileira – de Mutantes a Luiz Gonzaga – colocaram um sorriso sincero na galera, que acompanhou cada acorde com uma alegria espontânea e um sacolejo no corpo comoventes. Parece que foi ontem.