Chega de saudade

Rian Santos
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O show Pérolas para Jobim segue rendendo bons frutos. Bastou o Duo Vieira anunciar uma inesperada apresentação no auditório do Museu da Gente Sergipana para os interessadosresponderem ao apelo de cordas e trinados, com grande entusiasmo.Tudo indica, o show realizado há alguns anos, antesda pandemia, deixou saudades. Os ingressos esgotaram em poucos dias.
Uma nova apresentação já está agendada, dia 29 de abril, desta vez no Cine Teatro do Espaço Alquimia. Do enorme interesse, entretanto, pode-se chegar a mais de uma conclusão: desde a lacuna deixada pelo Maestro Soberano, até a excelência da música realizada hoje em Sergipe.

Pérolas – Um amigo questiona, afetando preocupação com o curso dos acontecimentos: Tom Jobim, a essa altura do campeonato? Eu respondo, com a expressão sorridente de um Buda Deitado: Mais do que nunca, Tom Jobim.
O Brasil é desde sempre uma Terra em Transe. Desde a chegada das caravelas, um milagre lavrado a sangue gentio. Nem por isso a sensibilidade nativa tem de se ater exclusivamente às cores da violência. Tom Jobim, por exemplo, teve a coragem de inventar uma paisagem sonora repleta de tons amenos. Com o maestro, a Música Popular Brasileira descobriu como o Rio de Janeiro (e, por extensão, o País inteiro) pode ser bonito – Sem um pingo de ufanismo.
Rebeca e Ricardo Vieira dedicaram um disco inteiro à obra de Tom, um ponto fora da reta. As palavras de ordem ecoando a torto e direito exigem posturas, cobram filiação. O Duo Vieira responde a seu modo, com protestos de beleza. Aparentemente, a música é o seu único partido.