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A importância Econômica da Caatinga
Publicado em 06 de maio de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Saumíneo Nascimento – saumineon@gmail.com
Conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Caatinga é o ecossistema que recobre 11% do território brasileiro e 70% da região Nordeste. Nesta extensão, estão incluídos os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, a maior parte da Paraíba e de Pernambuco, sudeste do Piauí, oeste de Alagoas e de Sergipe, região central da Bahia e parte do norte de Minas Gerais. O bioma tem uma área de 826.411km2, tem importância biológica, pois é o único de ocorrência geográfica restrita ao Brasil.
O polígono da caatinga é quase coincidente com o atual limite do Semiárido brasileiro, sendo que a caatinga também ocorre na porção Oeste e Norte do Estado do Piauí, Norte do Ceará e em parte do litoral Leste da Região Nordeste.
Este bioma que só existe no Brasil possui uma biodiversidade adaptada às altas temperaturas e à falta de água e apresenta uma flora e fauna rica em endemismo.
Precisamos de atenção e cuidado com a nossa caatinga, pois é um dos ecossistemas brasileiros mais degradados pelas atividades humanas, e de acordo com a Embrapa, cerca de 45,3% de sua área total já sofreu alteração, o que a coloca como o terceiro bioma brasileiro mais modificado, sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o Cerrado. Por outro lado, é considerado como o menos protegido, com apenas 8% de sua área sendo mantida em 123 Unidades de Conservação, das quais 41 de Proteção Integral e 82 de Uso Sustentável.
Do ponto de vista etimológico, o nome caatinga é de origem Tupi-Guarani e significa mata branca, o que caracteriza bem o aspecto da vegetação na estação seca, quando as folhas caem e apenas os troncos brancos e brilhosos das árvores e arbustos permanecem na paisagem seca.
De acordo com informações do Governo do Estado de Sergipe, a caatinga cobre 11% do território sergipano e a sua área territorial ocupa a parte oeste do estado e alcança os municípios de Canindé do São Francisco, Poço Redondo, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre de Sergipe, Porto da Folha, Graccho Cardoso, Itabi, Gararu, Simão Dias, Carira, Pinhão, Poço Verde e Tobias Barreto.
Em Sergipe existe entre as unidades de conservação (espaço territorial em que os recursos ambientais são protegidos), o Monumento Natural Grota do Angico, que é uma unidade de conservação estadual criada através do Decreto 24.922 de 21 de dezembro de 2007. Esta unidade está situada no Alto Sertão Sergipano, entre os municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, às margens do Rio São Francisco. De acordo com o Governo de Sergipe, a região abriga remanescentes florestais da Caatinga hiperxerófila densa. Com uma área total de 2.248 hectares, o Monumento Natural Grota do Angico foi criado com objetivo de preservar o sítio natural Grota do Angico e elementos culturais associados, mantendo a integridade dos ecossistemas naturais da Caatinga, para o desenvolvimento de pesquisa científica, educação ambiental, ecoturismo e visitação pública.
Em minha opinião precisamos explorar mais e de forma sustentável o bioma da caatinga que possui uma fauna bastante diversificada. Assim, como as plantas, os animais da caatinga se adaptaram às condições da região. Segundo a Embrapa, existem cerca de 510 espécies de pássaros, das quais 20 já se encontram na lista das ameaçadas de extinção, entre elas, a ararinha-azul e arara-azul-de-lear, em consequência do tráfego de animais silvestres. Com relação aos mamíferos estão representados por cerca de 150 espécies.
De modo geral, a diversidade da fauna da Caatinga está sendo alterada em decorrência de pressões antrópicas sobre o habitat natural dos animais e de práticas extrativistas como a caça e a pesca sem controle. Para preservar este grupo há necessidade de se aumentar as áreas de preservação bem como a fiscalização, evitando não só o tráfego de animais silvestres, como a caça e pesca predatórias.
Do ponto de vista econômico, destaco que na caatinga sergipana, entre as diversas atividades produtivas desenvolvidas, a produção de mel. Cabe registrar que a fauna apícola da Caatinga de um modo geral é representada por 187 espécies de abelhas, distribuídas em 77 gêneros. Na caatinga predominam espécies endêmicas e raras, sendo os meliponíneos, abelhas nativas sem ferrão, um dos grupos mais representativos. Sergipe vem se destacando na produção do mel de abelha, além disso, o mel em Sergipe tem boa produção nos municípios do alto e médio sertão sergipano. É uma atividade que tem transformado para melhor, a realidade de várias famílias.
A piscicultura na caatinga sergipana tem potencial de exploração, pois os estudos existentes, revelam que neste bioma temos aproximadamente 145 espécies catalogadas, nove foram introduzidas, e provavelmente 136 são endêmicas. Pode-se relatar como as principais espécies de importância social e econômica, o surubim, o curimatã, o piau, o dourado e o pacamã.
Nesta linha, registro que foi anunciado em agosto/2020 que o Departamento Nacional de Obra Contra as Secas – DNOCS, estava construindo uma estação de piscicultura que seria abastecida por gravidade e projetada para ser uma das mais modernas estações, sendo utilizada tecnologia tailandesa na produção de alevinos, com projeção para produzir 5 milhões de unidades/ano.
Para concluir a abordagem da importância econômica da caatinga em Sergipe, registramos a informação divulgada pela Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca de que no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé do São Francisco, a produção de quiabo cresceu 450 toneladas no primeiro trimestre de 2023, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Esta é uma confirmação de que temos muito potencial a explorar na caatinga sergipana, sem perder de vista a sua sustentabilidade e busca da melhoria das condições de vida da população que vive na caatinga.