**PUBLICIDADE
Empresários que prometem muitos empregos procuram incentivos fiscais
Publicado em 13 de maio de 2023
Por Jornal Do Dia Se
O governo Fábio Mitidieri (PSD) recebeu um estado com as finanças organizadas do ponto de vista administrativo, mas com uma economia destroçada e com uma das maiores taxas de desemprego do país. Gerar empregos foi o principal compromisso de campanha e tema recorrente nos discursos do governador desde a sua posse.
No mês de março, o estado de Sergipe registrou um saldo positivo de 1.389 postos de trabalho com carteira assinada. Nos primeiros três meses do ano, Sergipe registrou 30 mil admissões, 27.772 demissões, registrando um saldo positivo de 2.228 empregos com carteira assinada, uma variação relativa de 0,75%.
Essa pequena recuperação não tem nada a ver com ações do governo Mitidieri. Isso ocorreu em todo o país, em função da melhoria do humor político e econômico com a chegada do presidente Lula.
Nesses quatro meses, Mitidieri já participou de diversos encontros com empresários, principalmente da área de petróleo e gás, em busca de investimentos. Muitas promessas, mas nada de concreto, a não ser a possibilidade de exploração das reservas de gás em águas profundas, descobertas pela Petrobras, mesmo assim para 2027, quando o governador já terá encerrado o mandato.
Na quarta-feira, em Aracaju, Mitidieri dedicou boa parte da sua agenda para receber empresários com a perspectiva de grandes investimentos e geração de milhares de empregos. André Cavalcante, CEO da Eletron Energy, apresentou as etapas para o processo de implantação de uma usina de energia solar em Sergipe, investimento de R$ 200 milhões; executivos do Grupo Potencial Petróleo, uma das maiores distribuidoras de combustível do país, discutiu a implantação de uma nova planta estratégica para a região Nordeste, no estado de Sergipe; Carlos Frezarini, sócio da empresa Vidro Sul, mostrou os detalhes da instalação da fábrica de embalagens e garrafas de vidro, no município de Carmópolis. O primeiro encontro entre o grupo empresarial e o governador ocorreu no mês de março, durante visitas exploratórias realizadas pelo governador em São Paulo. A promessa da vidreira: 350 empregos diretos e mais de 1.500 indiretos.
Sergipe conta, desde 1991, com o Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) para estimular a economia na atração de novos negócios, através da concessão de incentivos. Com o programa, empreendimentos industriais, centros de distribuição agroindustriais, de pecuária, aquícolas, turísticos e tecnológicos podem ser beneficiados de diferentes formas através de apoio fiscal, locacional ou de infraestrutura. Todas essas empresas querem incentivos, por isso os encontros com o governador.
Nem sempre a geração de empregos é prioridade dos grandes grupos industriais beneficiados pelo PSDI. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu durante o governo Albano Franco (1995-1998; 1999-2002), quando a Cervejaria Brahma – hoje Ambev – iniciou a construção de uma fábrica no município de Estância. Nas negociações com o governo a promessa era de 3 mil empregos diretos e milhares de indiretos. Depois de inaugurada a fábrica gerou 90 empregos diretos, com a justificativa de que as novas tecnologias reduziam a mão-de-obra empregada.
Em novembro do ano passado, o governo Belivaldo Chagas chegou a comemorar o resultado do PIB estadual referente a 2020, divulgado pelo IBGE, por ter registrado uma queda de apenas 1,0%, “o melhor desempenho em relação ao PIB do Nordeste e o 5º melhor do país”.
No dia seguinte a divulgação do PIB negativo em 1,0%, outra pesquisa do IBGE mostrou que a situação da economia sergipana não é boa: a taxa de desocupação em Sergipe ficou em 12,1% no 3º trimestre de 2022. O número registrado no estado ficou próximo ao observado na região Nordeste (12,0%), porém, superior à média nacional (8,7%).
Sergipe também se destacou no contexto nacional ao registrar a segunda maior taxa composta de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação a força de trabalho ampliada), 36,1%, inferior, apenas, ao estado do Piauí (40,6%).
No trimestre analisado, 25,8% da população ocupada em Sergipe estava trabalhando por conta própria, enquanto 57,1% dos trabalhadores do setor privado estavam trabalhando com carteira assinada. Em relação à taxa de informalidade, observou-se que ela ficou em 51,4% da população ocupada.
Antes de comemorar os 2.228 empregos com carteira criados este ano, o governador Fábio Mitidieri precisa olhar os números referentes aos últimos meses de 2022. A crise econômica atinge o estado de Sergipe, milhares continuam desempregados e muitas empresas estão fechando.