Atalaia, anos 80.
A persistência da memória
Publicado em 16 de maio de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Homenagem prestada a Joésia Ramos(ver nesta página)me pôs a imaginar: quem, entre os artistas de minha geração, merecerá a memória doshomens velhos e a curiosidade dos moços, no futuro? Penso, matuto, não atino com resposta.
Confinada em bolhas de auto congratulação, a música Serigy não se propaga, não reverbera na amplidão. Panelinhas, patotas de músicos com afinidades estritamente pessoais, conluios, conchavos, mesquinharias, prevalecem sobre o imperativo de alcançar o prezado público.
Falo aqui do prezado público em sua expressão mais ampla. Não se trata apenas de vender ingressos, estourar bilheterias, encher estádios, como faz a banda Calcinha Preta. Mas de rasgar uma ferida tão funda, a ponto de ferir o próprio lugar, o próprio tempo.
Converso com os egressos da Atalaia dos anos 80, por exemplo. Todos, sem exceção, lembram de Amorosa, uma menina, soltando a voz no Tropeiro. Quem, depois dela, intérprete maior de Ismar Barreto; quem, além de Joésia, persistirá sorrindo em forma de Polaroid, acenando com rebeldias do passado, a fim de lembrar quem somos nós, aqui e agora, os inocentes do tempo presente?
Penso no primeiro e único disco de Patrícia Polayne; penso nas cirandas puxadas pela banda naurÊa. Vou mais longe e alcanço os shows de rock da finada ATPN, com a Plástico Lunar ainda imberbe em cima do palco. Penso, matuto,saudosista,me sinto velho como o diabo.