ZEMA, ZEMA, ZEMA, CADA UM COM SEU PROBLEMA; TARCÍSIO, CÍSIO, CÍSIO, CADA QUAL COM SEU ESTRUPÍCIO
Publicado em 10 de agosto de 2023
Por Jornal Do Dia Se
* Rômulo Rodrigues
A história, que não aconteceu como tragédia em 1930 não poderá se repetir como farsa em 2030.
Mesmo que muitos digam, estufem o peito e exultem com achegada ao poder central por Getúlio Vargas, um pouco no impacto do assassinato cantado em verso e prosa pelo assassino José Dantas foi sim, um Golpe de Estado.
É até certo ponto aceitável o emblemático título de Revolução de 1930, como também é discutível que a afirmação do crime praticado contra João Pessoa, candidato derrotado nas urnas com Getúlio Vargas tenha sido o motivo principal do golpe.
Pensando bem, o sentimento reinante no entorno da chapa derrotada já era crescente com a pretensão de dar um basta na política do café com leite, até então predominante.
A morte preconizada do presidente do estado da Paraíba deu um grande empurrão para o golpe real que desaguou no do Estado Novo em 1937.
Aí então, a República que estava sendo gestada foi soterrada por um golpe de esperteza de um general do exército chamado Góis Monteiro que autorizou um capitão seu subordinado, Olímpio Mourão Filho, assustar as tropas das casernas com um livro cujo título era “A ameaça Vermelha”, de autoria do historiador Hélio Silva, que nada tinha a ver com o comunismo, mas incendiou o público alvo e deu-se o golpe civil militar.
Mesmo recuperada a democracia em 1945, anos após, em 1964, o então capitão, já general, precipita o novo golpe e bota as tropas nas estradas de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, na noite de 31 de março e em 1º de abril o golpe foi consumado e o terror se instalou por mais 21 anos.
Agora, quase 100 anos depois, aparecem duas bestas humanas, justamente em Minas Gerais e São Paulo que querem bruscamente trazer de volta uma nova dominação pela velha política do café com leite.
E pasmem, com a adesão do governador do estado do Rio Grande do Sul onde nasceu e cresceu a rebeldia contra aquele desmando político que subtraia as soberanias dos outros estados brasileiros.
No passado, aquele sistema político incomodava, mas, não se mostrava tão perigoso na descaracterização da nação, porque os nascentes fascismo e nazismo ainda eram encarados como coisa lá da Europa e até atravessar o Oceano Atlântico e chegar por aqui, demoraria um milênio.
Não demorou, chegou e se constituiu em um partido chamado Integralista, contaminou oficiais de médias e altas patentes das forças armadas que tiveram êxito para instalar uma ditadura militar sangrenta, corrupta, preconceituosa, misógina, machista e contra o povo, que defendeu mais os interesses dos Estados Unidos que os da sua pátria mãe gentil.
O Brasil, nós brasileiros, todos os democratas, temos que abrir os olhos e ouvidos para o fenômeno que se criou como a larva da dengue e o vírus da Covid-19 em volta do que representam Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, Braga Neto, Augusto Heleno, Eduardo Villas Boas, que ensinaram ao tenente coronel Mauro Cid a arte da delinquência para chegar ao topo da carreira.
Aí, não está se formando um partido nazifascista para controlar a sociedade, o que está sendo criado é um partido de extrema direita, dentro dele, fazendo contra ponto com o único partido de massas nascido da necessidade da classe trabalhadora organizada para se impor como braço que produz e coloca o País no topo do mundo.
A pandemia deixou como exemplo indiscutível que quando os trabalhadores do campo, da indústria, do comércio, dos serviços, dos bancos e do serviço público ficaram em casa para proteger toda a população, a tal classe patronal, que se diz produtora, não foi capaz de fazer girar a roda da economia, exatamente, por uma coisa muito óbvia; só com patrão a economia não anda. Sem os patrões, e os trabalhadores em cooperativas, a coisa anda.
As ideias do governador Zema, endossadas com os massacres do governador Tarcísio de Freitas e o rescaldo do que implantou o general Braga Neto no Rio de Janeiro e mais a histeria do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, têm que ser vista e combatidas como embriões do partido de extrema direita que quer ocupar os espaços que o PSDB, criado e conduzido por preguiçosos contumazes, não foi capaz de fazer e se consolidar como pólo necessário da disputa democrática.
Como termômetro, para medir como andam as cabeças desse comboio, vejamos que a toda poderosa Rede Globo de Televisão mobilizou um monte de artistas durante um fim de semana para pedir dinheiro para o programa Criança Esperança e não conseguiu atingir o valor do arrecadado por Bolsonaro para pagar multas, que ele não pagou.
* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político