Terça, 21 De Janeiro De 2025
       
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O novo barato de Crec Leão


Publicado em 11 de agosto de 2023
Por Jornal Do Dia Se


De volta às origens.

Rian Santos – riansantos@jornaldodiase.com.br
 
Crec Leão tem um pezinho no rock’nroll. Foi à frente de uma banda, abusando da garganta e de figurinos constrangedores, que o artista ora radicado na desvairada deu vazão ao primeiro impulso criativo. Muito barulho pra nada. Restaram as fotos, que ele exibe na primeira oportunidade, orgulhoso, e a lembrança das farras. O gosto pela estrada, o romantismo de uma vida sem as amarras convencionais, no entanto, jamais o abandonou.
O que até aqui foi dito não passa de pura especulação, claro. Convém notar, entretanto, a áurea outsider do trabalho depois realizado em artes visuais. Conquanto, em termos estritamente formais, Crescjamais supere o modernismo, os arranjos organizados no limite da tela quase sempre possuem um dado de rebeldia. O trabalho é bonito, comercialmente viável, plástico ao extremo. Mas ostenta uma pose de “não estou nem aí pra você”.
Isso tudo é novamente percebido na nova empreitada do artista, definida por ele mesmo como o seu maior desafio.
“De todos os projetos que executei na vida, seja na pintura, na música, etc, este me parece o mais desafiador. Escrever e desenhar um HQ  é moroso, exige muito tempo, tempo esse, que não disponho.É um desafio pessoal, cíclico, um acerto de contas, que dure o tempo que for preciso.Hoje termino minha primeira página e não sei quando terminarei a saga, mas estou feliz de concluir o primeiro passo da caminhada”.
O barato de Crec consiste justamente em desnaturar os ícones, tipos e personagens cristalizados no imaginário coletivo, os documentos da alta cultura (para lembrar Walter Benjamin), num esforço que beira a corrupção. Assim, Cleópatra pode matar e morrer por um cigarro, enquanto Lampião cai de paraquedas num contexto pop. Leitor de quadrinhos, cria da cultura de massas, o artista pinta como se ilustrasse, sem atribuir um valor exagerado ao status da arte, com o único compromisso aparente de o confrontar e transgredir. Neste novo projeto, portanto, ele volta a suas origens sem jamais abandonar o pendor para o confronto.
Eu, de minha parte, confesso a curiosidade, razão maior da torcida: Tomara que vingue.
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