No aperto da marinete

RianSantos – riansantos@jornaldodiase.com.br

 

Quem tem o costume de sentar à mesa do bar no mercado de Aracaju sabe que o único trio pé de serra a disposição dos turistas no centro de Aracaju é um suvenir modelado em barro. Eu mesmo, frequentador assíduo do Guimas, jamais tive a sorte de esbarrar em um senhorzinho puxando o fole com a malícia que só o acúmulo de tantos janeiros ensina. Mas Sergipe é o País do forró, o cantor Rogério e o governador Fabio Mitidieri garantem.

Esta página reclama a presença de forrozeiros nas esquinas ao longo do ano inteiro há muitos anos. Por via de regra, no entanto, a turma do arrasta pé só dá o ar da graça durante os festejos juninos. A marinete do forró mantida pela Prefeitura de Aracaju é uma feliz exceção à regra.

Sufocada pela lógica dos grandes eventos, a festa mais querida pelos sergipanos existe somente na memória dos mais velhos. Aqui, sanfona, triângulo e zabumba são tratados com a condescendência devida às peças de museu. E, no entanto, uma vez reunidos, compõem o maior Power Trio do mundo!

Conto os dias para dar de cara com um trio pé de serra no meio da rua, sem mais nem menos, sem aviso. Por enquanto, a alegria genuína comunicada pelo cancioneiro nordestino pega carona e se aperta num ônibus velho, um itinerário repleto de música. No chão da aldeia há comércio e só.