Três mil PMs foram deslocados para o Pré Caju 2023
Nervosa calmaria
Publicado em 07 de novembro de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Crítico do Pré Caju – um evento privado, realizado com o aporte de uma verdadeira fortuna em recursos públicos -, celebro, no entanto, a disposição festeira da gestão estadual, uma estratégia de promoção das rotas riscadas no mapa de Sergipe. Destinos, por aqui, não faltam. Falta pavimentar os caminhos.
A fé na festa, um traço notável na postura pública do governador Fabio Mitidieri, pode servir, sim, ao propósito de promover as paisagens de Sergipe. Mas não convém que seja a única.
Morro de pena do turista-folião – um tolo de experiência muito limitada, atraído pelo barulho estridente dos camarotes e trios elétricos. Enquanto o besta corre atrás da juventude perdida em outros carnavais, um arauto da meia idade pintado em cores berrantes, eu me esbaldo nas praias do litoral sul. Mar e céu azul a perder de vista.
Neste particular, mais uma vez, bato de frente com a ilusão de um suposto consenso. O governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju jamais divulgaram quanto investem na festa de Fabiano. Mesmo assim, a acanhada imprensa local repete verdades fabricadas e faz coro à ladainha de Fabiano Oliveira.
Em tese, o Pré Caju gera um catatau de dividendos em forma de emprego e renda, impulsiona um verdadeiro círculo virtuoso na economia sergipana, movido a reciclagem de latas descartadas e comércio de cerveja. Mas está é uma suposição ainda em vias de ser confirmada pelo rigor da matemática aplicada, uma conta sem números.
Os 30 dias de forró multiplicados por dois, o arraial mantido durante dois meses inteiros pelo governo Mitidieri (esta, sim, uma festa pública) não exigiram tanto do executivo estadual quanto o Pré Caju 2023. Basta observar o contingente policial deslocado para cuidar da segurança em um caso e outro.
Por mim, Fabiano pode interditar a Orla de Atalaia com os tambores cansados da Bahia o ano inteiro, sem problema. Ao contrário da maioria dos sergipanos, não fico desprotegido. A minha casa é guardada por cinco cachorros. Em meu refúgio, no meio do mato, o barulho não chega.