O governador Fábio Mitidieri, usou seu vice para tomar o PSB dos Valadares
Mitidieri toma o PSB:
Publicado em 16 de dezembro de 2023
Por Jornal Do Dia Se
O avanço do governador Fábio Mitidieri (PSD) sobre o PSB mostra que ele quer criar uma alternativa na disputa pela Prefeitura de Aracaju em 2024, para evitar ser surpreendido por uma eventual aliança do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) com o PT ligado ao ministro da Secretaria-geral da Presidência, Márcio Macêdo. Esta semana, a política sergipana foi surpreendida com a filiação do vice-governador Zezinho Sobral ao PSB, atravessando a família Valadares, no comando do partido no estado há 20 anos.
Até então, Zezinho era um homem de confiança de Edvaldo e destacado quadro do PDT. Foi indicado pelo prefeito para ser candidato a vice, mas aos poucos foi se revelando um político de carreira e hoje enxerga que tem mais chances de disputar a PMA ao lado de Mitidieri do que com o prefeito, que dá sinais claros da opção preferencial pela candidatura do secretário Luís Roberto.
O governador até simpatiza com o nome de Luís, seu secretário da Infraestrutura, responsável pelas obras em execução e as prometidas do estado, mas descarta qualquer possibilidade de aproximação com o PT, com quem travou intensa batalha eleitoral, inclusive em Aracaju, nas eleições de 2024. Até poucos dias, Mitidieri dizia que Edvaldo seria o responsável pela indicação do candidato do grupo à Prefeitura de Aracaju.
Em quarto mandato como prefeito de Aracaju, Edvaldo precisa garantir a eleição do seu sucessor para chegar forte em 2026. Não que a provável candidatura a senador dependa dos aliados. Ele é o ‘dono’ do PDT em Sergipe, quadro destacado dentro da estrutura do partido a nível nacional, mas estará sem mandato a partir de 2025.
O PSB serve como maior exemplo. Valadares pai exerceu três mandatos sucessivos de senador – 24 anos – enquanto Valadares filho dois mandatos de deputado federal. Força política suficiente para manter o comando do PSB. Ficaram sem mandato, perderam o partido.
Na quinta-feira (14), 24 horas depois de Zezinho Sobral ter sido anunciado pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, como líder do partido no estado, o ex-senador Valadares divulgou carta que teria sido remetida a Siqueira no último dia 30 de novembro, quando começaram a circular rumores do avanço de Mitidieri sobre o partido.
Valadares pai diz ser favorável a qualquer entendimento político, através do qual “venhamos fortalecer as bases do partido e viabilizar a eleição de parlamentares, cujo número de cadeiras, como sabemos, impacta no montante do fundo partidário e do Fundo das Campanhas Eleitorais”, mas advertia: “O entendimento a ser feito, será melhor quando se mira o crescimento de ambas as partes, porque se acontecer de forma diferente, isto é, somente visando algum crescimento numérico do partido, ao preço de fragilizar lideranças locais, a parte que levar o partido ganha a sigla, mas não leva os votos e a militância do PSB, nem tampouco leva a história de luta daqueles que desfraldaram a bandeira do PSB desde os idos de 1995”.
Para o ex-senador, “caso o governador Fábio Mitidierri queira realmente entender-se com o PSB de Sergipe no intuito de fortalecer o seu agrupamento político para as próximas eleições, acho natural, desde que ele procure o atual dirigente regional, que é Valadares Filho, e o convide para uma possível composição político-partidária, sem, no entanto, querer logo de início, impor a indicação de um novo presidente, por mais influente que seja o indicado, sem respeitar o história e o prestígio que hoje desfruta Valadares Filho junto à sociedade sergipana”.
Para ele, “tal proposta, caso venha a se concretizar, seria vista, na prática, como uma intervenção branca no PSB de Sergipe por exigência de um governador integrante de outro partido, que, por sinal, foi nosso adversário, ganhando as eleições para o candidato do PT em aliança com o PSB, e contribuindo decisivamente para a vitória do candidato ao Senado, apoiado por Bolsonaro, deixando Valadares Filho em 2º lugar na disputa”.
“Como explicar ao povo essa reviravolta na política de Sergipe? Como explicar a oferta que está sendo feita pelo governador, segundo a qual Valadares Filho seria rebaixado para a vice-presidência, enquanto a presidência ficaria com o bloco do governo? Se tal coisa for aceita desse modo por Valadares Filho, ele estaria jogando fora todo o seu capital político adquirido com tanto sacrifício nas campanhas eleitorais que enfrentou”, continua a carta do ex-senador.
E conclui: “Tomar o PSB de Sergipe, com o beneplácito da Nacional, seria renegar a história e a importância de suas lideranças. Tal acordo não figuraria, com certeza, como um troféu político para o governo e, sim, como uma tentativa que apequena qualquer negociação, qual seja, a de converter o partido num apêndice a mais entre tantas siglas que orbitam o seu universo político, as quais optaram pelo comando do governo atrás de influência e vantagens do poder”.
Como se sabe, a advertência do ex-senador Valadares não foi levada em consideração por Carlos Siqueira, Mitidieri, através de Zezinho é o novo cacique do PSB no estado. Valadares Filho vai anunciar a sua posição na próxima terça-feira (19).