O quintal da Bahia
Publicado em 11 de janeiro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Entre os meus amigos, reconheço gente de todo tipo: livreiros, bicheiros, doutores, adolescentes de meia idade, senhores casmurros, pinguços…
Entre tantos amadores e profissionais de alto e baixo coturno, há também um biólogo, pesquisador coberto de títulos. Desde quando ele decidiu receber hóspedes numa propriedade à beira-mar, entretanto ,o sujeito atua, para todos os efeitos, como um operador do turismo.
Faz sentido. Ali, ele concilia a sua formação profissional com as mangas arregaçadas para o trabalho, passa horas falando da flora e da fauna nativa, imbuído de notável preocupação ambiental. Quem o ouve discorrer sobre o potencial ecológico do litoral sul, o céu estrelado, a desova das tartarugas, considera os pracatuns promovidos este fim de semana na praia da Caueira um desserviço.
O tal “destino Sergipe”, uma peça de propaganda mais ou menos óbvia, deveria sublinhar a limpeza e a extensão de nossas praias, a hospitalidade Serigy, as manifestações culturais da aldeia. Mas promove o “quintal da Bahia”. A julgar pela programação do Verão Sergipe,Cultura aqui não se faz.
Sempre haverá lugar para a festa, claro. Não convém desprezar a urgência comunal evocada pelos tambores furiosos da satisfação. Mas um palco erguido na praia, sem qualquer preocupação com a identidade e a vocação maior do lugar, não faz de nosso litoral um destino.
O Verão Sergipe ocupa hoje grande parte das postagens realizadas no perfil oficial do governador Fabio Mitidieri. Não é para menos, a micareta deve varar alguns meses, consumindo um bom naco de recursos. Ao fim da festa, no entanto, restará apenas sujeira,algum reflexo econômico, nada mais.