A visão de Amorosa
Publicado em 16 de fevereiro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Espanta-me a presunção do auto proclamado “povo de deus”. Quem ouve vozes e acredita sinceramente que dispõe de um canal direto com o Criador, a divindade em pessoa, mudada em carne e osso, não bate bem da cabeça, não tem um pingo de juízo.
Baby do Brasil (melhor quando se chamava Consuelo) recebeu uma ordem no ouvido direito, ela jura por tudo o que há de mais sagrado, e abriu a boca enorme em pleno Carnaval de Salvador. Baby anunciou o apocalipse, o fim do mundo em cinco anos – prazo suficiente para o folião mais afoito se arrepender de tantos pecados e se juntar às fileiras do Senhor.
Baby virou meme, claro, mas não é um caso isolado de crente com a sensibilidade superaguçada, por assim dizer. Em terras Serigy, por exemplo, a cantora Antônia Amorosa, presidente da Funcap, é unha e carne com o todo poderoso.
Há poucos dias, durante o reinado de Momo, enquanto a advertência delirante de Baby do Brasil repercutia nas redes sociais, Amorosa postou um storie revelador: Ainda em 2019, a visão de “quatro bolas contaminadas com milhões de gafanhotos” a alertou sobre a pandemia de covid-19. Aquele que escreve certo por linhas tortas a preveniu pessoalmente, antes de todos. Atenta aos sinais, Amorosa vai além: uma segunda praga está prestes a desabar sobre todos nós.
O fim jamais esteve tão próximo, não resta dúvida. Mas as profecias de Amorosa e Baby do Brasil chovem no molhado, contém novidade nenhuma. O aquecimento global, a intolerância, o negacionismo científico, obra mundana, causam estrago maior do que as dez pragas do Antigo Testamento. Em tal contexto, o conhecimento acumulado ao longo dos séculos contém a única possibilidade real de salvação e arrebatamento.