Bandeou-se para a oposição (Divulgação)
Querer demais
Publicado em 17 de maio de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Jamais se ouviu falar de um político sem ambição. Para conquistar votos, eleger-se, exercer poder de mando, é necessário muito querer.
Belivaldo Chagas, por exemplo, quer muito. A depender de sua vontade, os eleitores da capital sergipana passarão uma borracha sobre o riscado torto dos últimos anos, quando ele esteve à frente do governo de Sergipe e enfiou a mão no bolso dos aposentados. Belivaldo quer demais.
O confisco de 14% dos salários durou meses a fio, até a véspera da sucessão estadual, sem outro proveito notável, além de forrar os esvaziados cofres do estado. O tempo passou. Os proventos subtraídos por força de indecorosa manobra legislativa jamais foram devolvidos aos velhinhos.
No exercício do cargo, Belivaldo era dado a falar grosso. Quem não lembra a sua reação quando Sadi Gitz estourou os próprios miolos, durante a solenidade inaugural de um seminário sobre o mercado de gás sergipano? “Vida que segue”, exortou o então governador, visivelmente aborrecido. O desespero de um empresário à beira da falência estragara os seus planos.
Agora, Belivaldo fala manso, despido de vaidade. Preterido pelo governador Fabio Mitidieri, ele vai à disputa pela prefeitura de Aracaju na condição menor de candidato a vice numa chapa encabeçada por Yandra Moura, bandeou-se para a oposição.
Oportunista, Belivaldo lança então um olhar desmemoriado sobre a bem administrada capital sergipana e a descreve como uma cidade abandonada, repleta de problemas. Leio na coluna Aparte, do jornalista Jozailto Lima, sobre o seu descontentamento com os rumos tomados pelo Governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju. Ali, vislumbra-se nas entrelinhas, ele fala com os olhos grandes de um apetite imenso, feito um glutão.
Querer sem medida, esse de Belivaldo. Aos 64, ele ainda quer muito dos eleitores e dos contribuintes. E também quer demais.