ARACAJU PRECISA SE ANTENAR COM O MUNDO
Publicado em 03 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Rômulo Rodrigues
.
Lugar de mulher é onde ela quiser e duas mulheres galgaram posições no centro do tabuleiro do xadrez da geopolítica mundial, nos últimos dias.
Foram elas, nada mais, nada menos que a presidenta eleita e empossada no México Cláudia Sheinbaum e a presidenta do Banco do BRICS Dilma Rousseff que recebeu do presidente da China, Xi Jinping, a maior condecoração daquele país, pelo seu desempenho como grande liderança mundial.
E o que tudo isso tem a ver com a eleição de Aracaju? Tem muito, posto que, são mulheres que o império midiático machista formado pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão, não engolem, assim como o machismo político provinciano, também não.
É preocupante e decepcionante ver a nossa linda e progressista Aracaju propensa a negar seu passado de vanguarda, naufragando nas águas turvas da despolitização.
É preocupante porque em um pleito onde o voto popular do próximo dia 6 de outubro, tende a perder a chance de repetir a marca histórica de outubro de 1945 quando, ainda adolescente, chocou os coronéis da política, dando a vitória ao candidato comunista Iedo Fiuza na eleição presidencial pós-ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Passados 14 anos, em 1959, elegeu prefeito pelo PTB, José Conrado de Araújo, formando compromisso com candidaturas de partidos populares que marcaram seu perfil ideológico em 1985, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2016 e 2020.
Decepcionante porque na contramão de toda história e diante da oportunidade de expressar que lugar de mulher é onde ela quiser, vê-se na iminência de se deixar enganar pelo machismo estrutural do prefeito Edvaldo Nogueira ou sucumbir ante o demônio do nazifascismo, engatando marcha ré agora que, o cargo de prefeito da cidade está sendo disputado para valer por cinco mulheres, preparada para o grande salto na história e não pode deixar isto acontecer.
As candidatas não podem perder a oportunidade no debate de hoje para chamar a atenção das mulheres como um todo e dos homens de vocação democrática e dizer; ou é agora, ou nunca.
Como construir a narrativa ideal? Não basta ser mulher; não pode ser quem representa um genocida e ainda exibe o cântico macabro do nazifascismo que, há 82 anos deixou sua marca com 522 cadáveres boiando em águas sergipanas, que fez o Brasil entrar na2ª guerra mundial.
É hora de o povo escolher qual a representante feminina lhe representa e sem tutela de pai, do marido ou de quem levou 155 mil eleitores e eleitoras de Aracaju a terem seus votos cassados na eleição de 2022, por terem votado no número 22.
Por isso o chamamento civilizatório para quem ainda é votante tem que ser objetivo e direto, para não deixar dúvidas e, nada mais oportuno do que a palavra de ordem para o momento ser; chega de machismo; deixem o caminho aberto para as mulheres porque lugar de mulher é onde ela quiser e tem uma que Aracaju já depositou sua confiança por duas vezes, batendo na trave; a 1ª quando conquistou o segundo lugar para prefeita em 2020, indo ao segundo turno com 55 mil votos validados e a 2ª quando foi a campeã em Aracaju, recebendo 73 mil votos para senadora em 2024.
A candidata Daniele tem uma história sólida de funcionária pública concursada, com 24 anos de dedicação intensa como delegada da Policia Civil, sempre cumprindo missões difíceis e espinhosas, com sucesso.
Na sua trajetória política, disputou a 1ª eleição pelo partido Cidadania e foi ao 2ª turno contra o favorito e bem estruturado Edvaldo Nogueira que tinha uma coligação de 9 partidos.
Na 2ª tentativa, para senadora, ganhou em Aracaju por outro pequeno partido o Podemos, sendo superada nas votações do interior.
Acumulou experiência e percebeu que o partido no qual deveria concorrer em 2024 é o MDB, partido identificado com a democracia, com a Constituição Cidadão e com o grande Ulisses Guimarães,onde dedicaram suas vidas ao Brasil figuras sergipanas memoráveis como Jaime Araújo, João de Seixas Dórea, Oviedo Teixeira, José Carlos Teixeira, Gilvan Rocha, Rosalvo Alexandre, Tertuliano Azevedo, Guido Azevedo de saudosas memórias e outros que ainda contribuem com o desenvolvimento de Sergipe como: Jackson Barreto, João Augusto Gama, Acival Gomes, Bosco Mendonça, Leopoldo Souza, Nelson Araújo, Wellington Paixão, Dr. Hamilton Maciel, Dilson Barreto, Marcélio Bonfim, Carlos Alberto Menezes, Welington e Laurinha Mangueira conforme registrado no livro “MEMÓRIAS DA RESISTÊNCIA” do Professor Jorge Carvalho perante os quais deve assumir o compromisso de respeitar e engrandecer seus legados, além de ser a de maior potencial de coragem para enfrentar a extrema direita que está viva e ameaçadora.
* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político