Governador Mitidieri usa dinheiro da Deso para pressionar até os aliados
Publicado em 19 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
GILVAN MANOEL
gilvanmanoel@jornaldodiase.com.br
Fábio Mitidieri quer todo mundo engajado na reta final da campanha de Luiz Roberto (PDT), sob pena de exclusão do governo a partir de janeiro de 2025
O Governo de Sergipe ainda não recebeu um único centavo referente a concessão da Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, mas o governador Fábio Mitidieri já usa a perspectiva de dispor de cerca de R$ 2 bilhões a partir do próximo ano para pressionar aliados no segundo turno das eleições para a Prefeitura de Aracaju. Quer todo mundo engajado na campanha de Luiz Roberto (PDT), sob pena de exclusão do governo a partir de janeiro de 2025.
No início de setembro, a Deso foi vendida por R$ 4,5 bilhões – parte desses recursos serão rateados com prefeituras de 74 municípios – na Bolsa de Valores de São Paulo para a empresa Iguá Saneamento, cujos diretores estiveram em Aracaju na última terça-feira, quando se reuniram com o governador, integrantes do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Contas de Sergipe.
O procurador-geral de Justiça, Manoel Cabral Machado Neto, deu as boas-vindas aos representantes da empresa e reiterou o papel do MP sergipano. “O Ministério Público tem o compromisso com a defesa dos direitos fundamentais da população e o acesso à água potável é um direito básico. Acompanharemos de perto todo o processo, desde a qualidade do serviço prestado até o cumprimento das cláusulas contratuais, sempre zelando para que os interesses da sociedade sejam devidamente protegidos. É preciso garantir que a concessão resulte em melhorias para o bem-estar da população, com um serviço eficiente e universal”, afirmou Machado Neto.
Enquanto isso, o Sindissan, sindicato que congrega os trabalhadores em serviços de saneamento básico do estado, fez as contas dos trabalhadores que deixaram a companhia nos últimos dias em função do Plano de Demissões Voluntárias – PDV, encerrado na sexta-feira (11). Aderiram 352 trabalhadores efetivos. Somados ao 233 que, em março último, aderiram à cláusula de indenização por desligamento voluntário da empresa, prevista no Acordo Coletivo de Trabalho, deixaram os quadros da Deso, chegam a 585 funcionários.
Para Aécio Ferreira, secretário-geral do Sindissan, “certamente, o governador, por seu perfil neoliberal e privatista, deve estar muito satisfeito com essa demissão em massa de trabalhadores da Deso, que era tudo o que ele queria: vender parte dos serviços da Companhia e demitir parte dos seus trabalhadores. Isso ele defendia em campanha e é esse o modelo de gestão que ele não abre mão, o da privatização dos serviços públicos”.
Aécio disse que não se pode assegurar que os 352 funcionários que aderiram ao PDV o fizeram por voluntarismo. O sindicalista aponta a enorme pressão psicológica sofrida pelos trabalhadores dentro da Companhia ante a ameaça de demissão que vinha sendo disseminada internamente e em entrevistas nos vários veículos da imprensa, após a privatização parcial da empresa, e que certamente contribuiu para a decisão de muitos pela adesão.
“Ouvia-se muito nos corredores da empresa o temor de companheiros e companheiras com o que estava por vir, principalmente o pessoal da área comercial e de esgotos, setores que serão assumidos pela Iguá. Muitos trabalhadores efetivos essenciais para a Companhia aderiram por medo de demissão futura e de terem perdas financeiras”, relata.
Outro ponto que, segundo o sindicato, vem sendo ignorado diz respeito aos impactos na economia local dessa redução drástica de trabalhadores efetivos da DESO. Análise técnica encomendada ao analista de Desenvolvimento Socioeconômico e ex-supervisor técnico do Dieese em Sergipe, Luiz Moura, sobre os impactos diretos e indiretos na economia sergipana da redução de mil trabalhadores (número inicialmente previsto nos estudos do BNDES) do quadro de funcionários da Deso, aponta que, levando em consideração a média salarial desses trabalhadores, acarretará um impacto negativo mensal direto na economia do estado de R$ 13,2 milhões, sendo R$ 11,6 milhões em relação aos salários dos trabalhadores demitidos e R$ 1,6 milhão em relação aos tickets alimentação a que eles têm direito, tendo em vista que esses valores deixarão de circular no mercado de consumo do estado.
“Em cima dessa análise, fazendo-se os cálculos sobre a demissão de 585 trabalhadores, chega-se ao montante de R$ 8,287 milhões mensais a menos circulando na economia do nosso estado. Isso perfaz R$ 99,45 milhões anuais a menos na nossa economia”, destaca o sindicalista.
Se hoje o governador Mitidieri usa a perspectiva de receber esta montanha de dinheiro para pressionar aliados, imagine o que não fará a partir de janeiro quando já estará com os recursos em caixa e entra na etapa final da administração. Quem não se enquadrar será convidado a deixar o grupo.
Pintura sobre tela de Edidelson
Sergipe Águas Profundas
O lançamento do edital da Petrobras para contratação das plataformas que irão operar o projeto Sergipe Águas Profundas (Seap) deverá ocorrer entre final de outubro e início de novembro. A informação foi divulgada pela companhia na segunda-feira (14), semanas após a declaração de que a empresa avaliava novo modelo para contratar as unidades de produção.
De acordo com a diretora de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, Sylvia Anjos, o novo edital do Seap deverá ser apresentado ao mercado em até 15 dias. A declaração foi feita durante o lançamento oficial do edital para contratação de plataforma para operação na Bacia de Campos, nos campos de Marlim. O lançamento e o novo formato do edital são uma alternativa para superar os desafios na atração de empresas interessadas no afretamento das duas unidades flutuantes (FPSOs).
No BOT (construção, operação e transferência, na sigla em inglês), o vencedor da licitação fica responsável pela construção e operação das plataformas no período de três a cinco anos. Depois, a operação passa à responsabilidade da própria Petrobras.
No modelo anteriormente adotado, a data de recebimento das propostas nas licitações para contratação das FPSOs foi adiada por três vezes, diante da ausência de interessados. Com a nova medida, a estatal assegura que o prazo estipulado para o início do Seap, estimado entre 2028-2029, seja mantido.
Candidata inelegível
Na quinta-feira (17), por unanimidade, os membros do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe não acolheram os embargos de declaração e mantiveram o indeferimento do registro de candidatura a prefeita de Aquidabã de Ana Helena de Dr Mário (União). Acompanharam o voto da relatora juíza Dauquíria de Melo Ferreira.
Ana Helena foi a mais votada com 8.651 votos (61,06%). O segundo mais votado foi Diogo de Euriquinho (PSD), com 5.347 votos (37,74%), cuja coligação “Aquidabã, Minha Terra, Minha Gente” (PSD/PSB) foi autora do pedido de impugnação acatado pelo TRE.
O TRE decidiu pela inelegibilidade de Ana Helena em razão de sua relação de filiação socioafetiva com seus avós maternos, que são parentes da atual primeira-dama e, portanto, do prefeito Francismário Lucena. Acatou provas apresentadas pela coligação que sustentavam a filiação socioafetiva.
O risco Emília
As últimas pesquisas mostram que a candidata do PL Emília Correia continua liderando a disputa pela Prefeitura de Aracaju contra Luiz Roberto (PDT). É uma temeridade. A última administração de direita que comandou a PMA foi a de João Alves Filho, de 2013 a 2016, e Aracaju foi transformada num verdadeiro caos.
Entusiasmada apoiadora da gestão João Alves Filho, que interrompeu o ciclo de crescimento na cidade após amplo desenvolvimento a partir de 1985, Emília não enxergava defeitos na administração do aliado. Ao invés de denunciar o descalabro que viveu a Prefeitura de Aracaju naqueles anos, fazia discursos defendendo o caos e o atraso no pagamento dos servidores públicos.
Hoje tenta se apresentar como a solução para a suposta crise que enxerga viver a cidade, aliada aos irmãos Amorim, o que há de mais retrógado na política sergipana. Ela ressuscitou politicamente a família, que utiliza métodos nada republicanos em busca de seus objetivos políticos e econômicos. O ex-senador Eduardo Amorim (PSDB) chegou a ser cogitado como candidato a vice, mas acabou sendo preterido em favor do vereador Ricardo Marques (Cidadania).
Quando Edvaldo assumiu o seu terceiro mandato, em 1º de janeiro de 2017, Aracaju vivia o caos. Nos últimos dias da administração João Alves Filho, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Clóvis Barbosa de Melo, era quem estava sendo o prefeito de fato. Era ele quem administrava os recursos da PMA para tentar concluir o pagamento dos servidores e, de última hora, as contas de energia para evitar que o novo prefeito assumisse com o seu gabinete às escuras.
Deve ser esse o tal novo modelo que ela quer adotar em Aracaju.
Esquerda na UFS
Do professor aposentado Afonso Nascimento sobre as eleições para a reitoria da UFS, realizadas no início da semana:
“Ainda não encontrei avaliações na mídia sobre a vitória da oposição na UFS. Só tenho um curto comentário a fazer.
Essa foi a primeira vez que a esquerda ganha uma eleição na UFS. Não houve nada assim antes, mesmo nos melhores tempos da militância sindical e estudantil na UFS. Alguém lembra de algum reitor e vice-reitor de esquerda?
O primeiro reitor, Cardoso do Nascimento, foi de esquerda na sua juventude de estudante de Medicina, mas o seu mandato foi aquele de um interventor do regime militar.
Josué Modesto foi comunista enquanto estudante de Economia. Na época em que foi reitor, já era do PSDB de FHC e de Paulo Renato.
Na chapa vitoriosa, André é um professor da esquerda moderada. Já Silvana está bem à esquerda de André.
Como será uma administração de esquerda da UFS? O que trará de novo?”
Inovação e CredAju
Para falar sobre desenvolvimento econômico em Aracaju é fundamental discutir propostas para o setor de inovação. Pensando nisso, o candidato à Prefeitura de Aracaju, Luiz Roberto (PDT), apresentou dez propostas para o fomento da inovação na capital, uma delas é o fomento do recém-inaugurado Cajuhub. Para Luiz, o Cajuhub é fundamental para ampliar as oportunidades do jovem aracajuano. Além disso, ele vai criar um espaço de coworking para que empreendedores tenham condições de iniciar e maturar os seus negócios. Pensando ainda no empreendedorismo, Luiz levará o tema para as escolas com o programa Empreender na Prática, que irá ofertar ambientes voltados à construção, pesquisas e desenvolvimento para alunos da rede municipal de ensino.
Ainda no campo econômico, os aracajuanos poderão contar, também, com um programa de microcrédito para microempreendedores individuais, o CredAju. A ideia consta no programa de governo de Luiz Roberto e Fabiano (PP). Através de ações como essa, eles pretendem estimular o crescimento de negócios e a geração de emprego e renda em Aracaju.