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A FALTA QUE A ELETRICIDADE FAZ


Publicado em 13 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


* José Fernandes de Lima

 

O apagão ocorrido em São Paulo no último mês deixou milhares de residências sem energia e forneceu uma pista dobre o quanto a nossa vida diária depende da disponibilidade de energia elétrica.
As pessoas relataram prejuízos com a perda de alimentos que estavam sendo conservados em geladeiras, dificuldades para trafegar, em razão da falha dos sinais de trânsito, não funcionamento de elevadores, e atendimento deficitário em clínicas e hospitais.
Os transtornos exaustivamente divulgados pela imprensa nos convidam a refletir sobre a importância da energia elétrica na sociedade atual.
A energia elétrica é aceita hoje de forma tão trivial e está tão entrelaçada ao nosso modo de vida que raramente pensamos sobre sua origem combustível, tampouco nos preocupamos com sua conservação. Ela sustenta a infraestrutura das sociedades modernas, impactando diretamente a economia, a saúde, a educação e a qualidade de vida. É difícil imaginar um aspecto da vida moderna que não seja impactado pela eletricidade.
A energia é um dos princípios constituintes da sociedade. Ela é necessária para se criar bens a partir dos recursos naturais e para fornecer muitos serviços dos quais nos beneficiamos.
O desenvolvimento econômico e o alto padrão de vida são processos complexos que compartilham um denominador comum: a necessidade de disponibilidade e do abastecimento confiável de energia.
Boa parte dos conhecimentos necessários para entender a questão energética vem do estudo da Física Básica. A Física é a ciência que lida com as propriedades, as mudanças, as interações da matéria e energia.
A energia está entre os conceitos mais evasivos e incompreendidos da nossa ciência. Uma conceituação menos compromissada nos leva a dizer que energia é a capacidade de realizar trabalho.
A energia pode se manifestar de diversas formas. Podemos pensar a energia como aquilo que faz com que os carros se movimentem, as lâmpadas forneçam a luz e o aquecedor forneça calor. Um dos tipos básicos de energia é aquele associado ao movimento de um corpo. A esse tipo de energia damos o nome de energia cinética. Outras formas são a energia química, nuclear, térmica, elétrica.
A geração de eletricidade é um processo fundamental para o funcionamento das sociedades modernas, envolvendo uma série de tecnologias e complexidades.
No contexto da geração de eletricidade, a energia é frequentemente convertida de uma forma para outra, utilizando-se de diferentes fontes primárias, como solar, eólica, hídrica, térmica ou nuclear. Cada uma dessas fontes possui características e desafios próprios que afetam tanto a geração quanto a transmissão de eletricidade.
A história da eletricidade remonta a tempos antigos. No século VI a.C., o filósofo grego Tales de Mileto descobriu que uma resina chamada âmbar, quando esfregada com uma pele, adquiria a capacidade de atrair objetos leves, como penas e palhas. Esse fenômeno foi o primeiro registro conhecido da eletricidade.
Os avanços que trouxeram a eletricidade para os moldes atuais foram feitos principalmente no século XIX e início do século XX. Em 1800, Alexandro Volta inventou a pilha voltaica, a primeira fonte prática de corrente elétrica contínua. Em 1820, Hans Christian Orsted descobriu a relação entre eletricidade e magnetismo, levando ao desenvolvimento do eletromagnetismo. Em 1831, Michael Faraday descobriu a indução eletromagnética, que permitiu a criação de geradores elétricos. Em 1900, Nicolas Tesla e Thomas Edison fizeram avanços significativos no uso prático da eletricidade, incluindo a instalação de redes elétricas e a invenção da lâmpada incandescente.
Gerar energia elétrica para abastecer uma cidade é uma coisa complicada, assim como é complicado transportá-la desde o lugar onde foi gerada até o destino onde será usada. Esse transporte requer transformadores, redes de linhas de transmissão de alta tensão, fios aéreos e subterrâneos.
Muitos países hoje produzem eletricidade a partir de fontes intermitentes. Por isso, é preciso investir em sistemas de armazenamento, a exemplo dos sistemas de hidroelétricas reversíveis, baterias, ar comprimido e super capacitores.
Apesar dos inúmeros avanços da ciência, ainda é impossível armazenar eletricidade de forma acessível e em quantidades suficientes para atender a demanda de uma cidade de médio porte pelo período de apenas uma semana ou duas.
A confiabilidade do fornecimento de eletricidade é indispensável em sociedades onde a energia elétrica alimenta tudo, de luzes até as máquinas usadas nos hospitais.
Se voltarmos ao início da conversa, poderemos dizer que a população atingida pelo apagão tem boas razões para ficar preocupada.

 

* José Fernandes de Lima, Físico e Professor

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