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Crueldade
Publicado em 26 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
O trabalho infantil é, talvez, a face mais perversa do atraso econômico e social
A crueldade do trabalho infantil é uma realidade exposta aos olhos de qualquer um. Nas feiras livres da capital sergipana, espalhadas pelos quatro cantos da cidade, crianças de pouca idade empregam a fraqueza dos braços finos em atividades recompensadas com centavos. A situação é comum, uma violência naturalizada, considerada normal.
Não é aceitável encontrar crianças em idade escolar lutando pela própria subsistência, contudo. E a conivência silenciosa do poder público local precisa ser acusada.
A semana passada, em rara ação de fiscalização promovida pelo Ministério Público do Trabalho no estado, 60 crianças e adolescentes foram encontradas em situação de exploração nas feiras de Aracaju. Ações condenando a complacência da Prefeitura de Aracaju tramitam desde 2012. Mas as providências para enfrentar o problema minguam, sem produzir efeito consequente.
O trabalho infantil é, talvez, a face mais perversa do atraso econômico e social. De acordo com dados divulgados em 2020 pelo IBGE, em 2019 havia no Brasil cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, o que equivale a 4,6% das crianças brasileiras. No mesmo ano, em Sergipe, havia mais de 16 mil crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, em situação de trabalho infantil. A julgar pelo que se vê nas ruas, a situação está ainda pior, desde a pandemia de covid-19. E não há esperança de futuro no horizonte.