**PUBLICIDADE
Publicidade

Democracias morrem


Publicado em 10 de dezembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


* Pedro Benedito Maciel Neto

 

A democracia não pode tolerar os intolerantes, os autocratas, os plutocratas, os coveiros da democracia (Fake News e algoritmos), nem aceitar as instituições serem capturadas pelo mal (hoje representado pelo bolsonarismo, novo rótulo do integralismo e do fascismo aqui em Terra Brasilis).
Nós democratas não podemos tolerar essa gente porque não é verdade que os ataques à democracia ocorrem apenas através de golpes militares ou golpes civis-militares, atualmente é cada vez mais evidente que os grandes perigos estão nas forças políticas antidemocráticas que se infiltram dentro do regime democrático, capturando e destruindo toda a institucionalidade e, pasmem, dentro da legalidade e sem grandes alterações constitucionais.
No Brasil, o vírus antidemocrático tem nomes: Bolsonaro, Moro e toda a horda de autocratas que os cercam e apoiam.
Há exemplos recentes de autocratas que chegaram ao poder pelas regras democráticas, não precisamos citar apenas Hitler; nos EUA, nas Filipinas, Turquia, Hungria, Polônia, Brasil e Argentina, cada um dos eleitos recentes, de Trump a Milei, são personagens que representam o establishment político e econômico, mas que se apresentam como alternativas antissistema e antipolítica, que usam o mesmo método: ofendem adversários; tratam os adversários como inimigos; ignoram o trato democrático e as regras da política; são retoricamente violentos e as vezes fisicamente; mandam jornalista “calar a boca” (especialmente as mulheres); tem discurso misógino, racista, etarista, sexista, preconceituoso. Mas, para nossa tristeza, vencem as eleições; venceram a eleições municipais em 2016, 2020 e 2024; venceram as eleições de 2018, 2022; vencemos a Presidência da República, mas eles mantêm o controle institucional em todos os níveis.
Essa é a realidade.
Mas, se temos o plano de nação mais honesto, se somos os mais justos e generosos, por que os desonestos, injustos e egoístas vencem as eleições?
Porque, além do que Boaventura Santos chama de “dark Money” – responsável pela eleição das bancadas da bala, da bíblia e do boi -, as fake news, criadas em abundância pelo “gabinete do ódio bolsonarista” e que circulam, grandemente, pelas redes sociais, possuem um alarmante potencial destrutivo que se espalham através da desinformação e da mentira; “Isso é sobretudo grave em países como a Índia e o Brasil, em que as redes sociais, sobretudo o mensageiro WhatsApp (…), são amplamente usadas, a ponto de serem a grande (ou mesmo única) fonte de informação dos cidadãos – no Brasil, 120 milhões de pessoas usam WhatsApp”, escreveu Boaventura. Há uma investigação publicada no New York Times, de 17 de outubro de 2018, que dá conta que das cinquenta imagens virais dos 357 grupos públicos do WhastApp em apoio a Bolsonaro, só quatro eram verdadeiras. Essa é a extrema-direita bolsonarista, esse é o método.
As mentiras difundidas nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp e Instagram, que tem em si efeito destrutivo, é potencializado pelo tal algoritmo, cálculo matemático que permite definir prioridades e tomar decisões rápidas a partir de grandes séries de dados (big data); no campo político, o algoritmo permite retroalimentar e ampliar a divulgação de um tema que está em alta nas redes sociais e que, por isso, o algoritmo considera ser relevante porque tem aderência junto ao público.
As “informações” falsas, com alta aderência junto ao público graças ao uso do algoritmo, são fruto de gigantesca manipulação informacional levada a cabo por redes de robôs e de perfis automatizados que difundem a milhões de pessoas notícias falsas e comentários a favor ou contra determinado candidato, tornando-o artificialmente popular e, assim, levando-o a ganhar ainda mais destaque via algoritmo. Essa é a democracia 2.0, intoxicada pelas Fake News e pelos algoritmos; Boaventura pergunta: “Sobreviverá a opinião pública a esse tóxico informacional? Terá a informação verdadeira chance de resistir a tal avalanche de falsidades?”.
Como vencer o tóxico informacional? Na minha opinião, a mentira vencemos com a verdade, e quem deve empunhar a verdade, a justa e necessária pluralidade de visões e opiniões, é a mídia progressista, é o Brasil 247 e seus pares.
A extrema-direita está vencendo a guerra nas redes, temos de combatê-los com a verdade, como escudo e aríete, e com a tecnologia, as redes, etc., de forma democrática e como instrumento capaz de amplificar a participação cidadã na democracia.
Essas são as reflexões.

 

* Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade