De Mocinha a “seu” Neném – Os apelidos ouvidos no Brasil
Publicado em 14 de janeiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se
* Gregório José
Ah, os apelidos! Esse universo mágico onde a lógica tira férias e as contradições ganham um brilho especial. Se na formalidade a gente é chamado pelo nome de batismo, no cotidiano somos rebatizados pela criatividade popular. E, claro, tudo fica mais divertido quando o apelido é uma ironia ambulante! Vamos lá, então, conhecer alguns desses personagens incríveis e suas alcunhas às avessas:
Dona Mocinha – A matriarca centenária da cidade, que viu desde a fundação até os primeiros fios de cabelo branco dos jovens de hoje. Mocinha é aquele nome que você diz e ouve o eco da ironia. Ela anda devagar, fala devagar, mas quem ousar chamá-la de velha… Ah, vai ouvir!
Seu Pequeno – Um gigante de quase dois metros e ombros largos que, na infância, devia caber numa caixinha de fósforo. O apelido ficou, mas o tamanho aumentou. Ninguém ousa chamá-lo de “Seu Grande” porque a piada está no contraste.
Zé Leite – Escuro como a noite sem lua, mas de sorriso que ilumina. Zé Leite é aquele tipo que te confunde com o apelido e te conquista com a simpatia. Dizem que ele já explicou a origem do nome, mas ninguém entendeu e, sinceramente, ninguém quer entender.
Jesus – Não multiplica pão, mas é famoso por “multiplicar” confusões. Dizem que o único milagre que fez foi escapar da cadeia depois de algumas brigas feias. Mas a alcunha segue firme, talvez para tentar equilibrar os pecados com um toque de santidade.
Deusinho – Bebe pinga como se fosse água benta e dirige como se fosse imortal. Deusinho é o protetor dos bares e um especialista em deixar os anjos da guarda de cabelo em pé.
João Cabeludo – Um careca reluzente que até refletor usa como espelho. Mas cuidado ao brincar: dizem que ele já processou uma barbearia por propaganda enganosa.
Dona Morena – De pele clara como leite, Dona Morena é aquela contradição que ninguém explica. Talvez seja pelo amor ao verão e ao bronzeador que nunca deu resultado.
Seu Neném – Aos 90 anos, ele é o mais velho da cidade. Dizem que o apelido veio quando nasceu, e nunca mais largaram. Afinal, como não amar chamar um ancião enrugado de “Neném”?
Neguinha – Uma loira de olhos azuis que responde com naturalidade a um apelido que, para quem vê de fora, é o ápice do paradoxo. “Ah, é coisa de família”, ela explica.
Dona Miúda – Com 1,85m de altura e passos largos, Dona Miúda é um evento em qualquer lugar. Ela garante que o apelido é “carinho do marido”, mas ninguém se arrisca a perguntar.
Dona Bebê – A caçula da casa que já passou dos 50, mas ainda é chamada assim pelos irmãos. Afinal, idade é só um detalhe, né?
Delegado – Nunca passou perto da polícia, mas é o primeiro a fazer ronda em qualquer boteco da cidade. É o bêbado mais famoso, mas sempre “patrulha” quem não paga a conta.
Prefeitinho – Ele nunca foi eleito, mas se você quiser saber como está a situação da rua, da praça ou da prefeitura, pergunte a ele. Prefeitinho sabe de tudo e reclama como ninguém.
Zé da Árvore – Mora numa casa tão árida que parece deserto, mas dizem que o apelido veio porque ele vivia subindo em árvores… na infância. Hoje, só sobe na cadeira pra trocar lâmpada.
E assim seguimos, numa cidade onde a lógica dá lugar à poesia cômica da vida. Os apelidos às avessas são prova de que o brasileiro é um gênio do humor. Eles não precisam fazer sentido, só precisam ser aceitos. Porque, no fundo, quem não ama um apelido que transforma a rotina numa boa gargalhada?
* Gregório José, jornalista/radialista/filósofo