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A Crise da Biodiversidade
Publicado em 30 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Conforme divulgado pela União Geográfica Internacional (UGI), em abril de 2022, dezenas de geógrafos de todo o mundo participaram de uma reunião online das sociedades geográficas do mundo antes da COP15 da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica em Kunming. A ação foi uma iniciativa da Royal Scottish Geographical Society, em colaboração com a União Geográfica Internacional, a Royal Canadian Geographical Society e a Royal Geographical Society, o encontro foi concebido como um momento para geógrafos e outros cientistas e profissionais interessados no tema da biodiversidade.
O evento seguiu o sucesso do encontro anterior em junho de 2021, antes da COP26 da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que resultou em uma declaração conjunta de mais de 80 sociedades em todo o mundo, todas se comprometendo a redobrar os esforços para enfrentar a emergência climática.
A ideia era, e continua sendo, que muitas das sociedades têm um potencial extraordinário para efetuar mudanças por meio de suas atividades e redes: por meio dos programas de pesquisa e educação; dos eventos e publicações; das funções consultivas com governos locais, regionais e nacionais; e com os esforços para inspirar os geógrafos e o público em geral.
Do encontro foi produzido um relatório com diversas informações que podem orientar as nações para os devidos cuidados com a nossa biodiversidade.
Neste sentido vale destacar a introdução do relatório que tem a palavra de Elizabet Maruma Mrema que é a Secretária Executiva da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. Ela ressalta que por muitos anos, os cientistas alertaram sobre as graves consequências da complexa crise global e ambiental causada pela perda de biodiversidade, mudanças climáticas, degradação da terra, desertificação e poluição; bem como os impactos que têm nos sistemas humanos. Para Elizabet Mrema, esses desafios comprometem nossos esforços para o desenvolvimento sustentável. A executiva entende que um dos nossos principais desafios é conciliar proteção ambiental com prosperidade econômica e bem-estar humano.
Os dados existentes sinalizam que a degradação do ecossistema já afeta o bem-estar de pelo menos 3,2 bilhões de pessoas, o que representa aproximadamente 40% da população mundial. Registre-se ainda quem no ano de 2020, 800 milhões de pessoas passaram fome.
A necessidade é da criação e manutenção de mecanismo que possa proteger, conservar e usar de forma sustentável, a biodiversidade, com garantia de repartição equitativa de benefícios que irão propiciar a sobrevivência na terra.
Os benefícios de conservação da biodiversidade, na visão de Elizabet Mrema, vão desde a saúde, meios de subsistência, segurança alimentar e hídrica, bem como redução do risco de desastres para resiliência às mudanças nas condições socioeconômicas e ambientais. Tem-se que ecossistemas saudáveis sustentam quase 55% do PIB global e soluções baseadas na natureza fornecem cerca de 37% da mitigação da mudança climática necessária até 2030 para manter o aquecimento global abaixo de 2º C.
Um dos tópicos do relatório e que tem bastante correlação com a biodiversidade é a questão dos povos indígenas. Na visão de Hndou Oumarou Ibrahum, Coordenadora da Associação de Mulheres e Povos Indígenas do Chade, é preciso entender que os povos indígenas são parte da natureza, e não separados dela. Ela entende que existe uma desconexão das coisas vivas que cercam e nos sustentam, e isto está no centro de nossa crise atual, permitindo que as pessoas tomem decisões sobre o meio ambiente como se não tivesse incidindo sobre a vida humana. Para Hndou Ibrahum, para sermos verdadeiros campeões da biodiversidade devemos trabalhar para reconhecer nosso lugar na natureza e destacar a grande diversidade de culturas e tradições humanos que são ameaçados à medida que os sistemas vivos do mundo são destruídos.
Sobre as ações que as Sociedades Geográficas podem desenvolver, no relatório consta a sugestão da criação de cursos on line para os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). Neste sentido, os geógrafos estão posicionados de forma positiva para o fornecimento de programas e recursos para ajudar as pessoas nesta jornada. As Sociedades Geográficas deverão fornecer 17 cursos on line abordando cada um dos ODS. Além disso, a União Geográfica Internacional (UGI) planeja convocar uma reunião de suas comissões de Educação e Biodiversidade para buscar o desenvolvimento de recursos focados na crise da biodiversidade e suas soluções, abrangendo o ODS 14: Vida na Terra e potencialmente o ODS 15: Vida abaixo da água.
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil ocupa quase metade da América do Sul e é o país com a maior biodiversidade do mundo. São mais de 116.000 espécies animais e mais de 46.000 espécies vegetais conhecidas no País, espalhadas pelos seis biomas terrestres e três grandes ecossistemas marinhos. Suas diferentes zonas climáticas do Brasil favorecem a formação de biomas (zonas biogeográficas), a exemplo da Floresta Amazônica, maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado, com suas savanas e bosques; a Caatinga, composta por florestas semi áridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos.
Essa abundante variedade de vida abriga mais de 20% do total de espécies do mundo, encontradas em terra e água. A rica biodiversidade brasileira é fonte de recursos para o País, não apenas pelos serviços ecossistêmicos providos, mas também pelas oportunidades que representam sua conservação, uso sustentável e patrimônio genético.
Assim, reforça-se que o tema possui relevância para o Brasil, portanto, que cuidemos da manutenção da nossa biodiversidade.